Como Ontário (CA) retomou sua importância em pesquisa clínica
18/11/2015

Há alguns anos hospitais, membros acadêmicos, universidades e líderes industriais localizados em Ontário, no Canadá, chamaram para a discussão um tema inquietante: a província estava vendo uma redução de mercado em estudos clínicos, apesar de o local ter sido o preferido para pesquisa clínica durante muito tempo.

A competitividade na área de pesquisa clínica está relacionada a fatores como rapidez, qualidade e custo. Embora fosse um forte player no setor, Ontário tinha que encarar a concorrência de taxas generosas e regimes de subsídios de nações desenvolvidas, bem como o rápido crescimento na capacidade de estudo clínico e qualidade com baixo custo das economias emergentes.

A resposta para essa demanda veio com a criação de um consórcio chamado Clinical Trials Ontario. Inaugurado em 2012, hoje o centro é referência no desenvolvimento de pesquisas científicas. Para alcançar esse nível, três objetivos foram estabelecidos: reduzir a burocracia e facilitar a condução de pesquisas clínicas na província; promover o local como o ideal para estudos científicos; e educar pacientes sobre a importância da pesquisa com o objetivo de aumentar o recrutamento para estudos.

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Mas, afinal, o que dificulta a pesquisa clínica no Brasil?

O governo tem trabalhado para encontrar maneiras de manter o aumento dos investimentos em estudos clínicos na província. Um dos avanços é a otimização do Sistema de Revisão de Éticas em Pesquisa. Lançado este ano, o sistema possibilita que qualquer Conselho de Ética em Pesquisa forneça revisões em nome de múltiplas instalações de pesquisas envolvidas em estudos clínicos. Isso elimina dez potenciais instalações de possuir diretorias éticas separadas revisando a mesma proposta. Depois dos protocolos e do estudo geral serem aprovados, as instalações de pesquisa individuais podem participar de um teste em dias, ante o prazo anterior de dois a cinco meses.

A burocracia é um dos maiores entraves para o desenvolvimento do campo de estudos clínicos. No Brasil, por exemplo, dados da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma) apontam que a burocracia impediu o país de participar de 112 estudos clínicos multicêntricos iniciados em 2013, grande parte voltados para doenças letais como câncer e diabetes.

Segundo órgãos reguladores, a capacidade interna brasileira permite autorizar cerca de 200 estudos por ano. Um processo de aprovação de estudo clínico no Brasil leva, em média, de 12 a 15 meses. Em contrapartida, países líderes mundiais em pesquisa – como Canadá, Estados Unidos, Coreia do Sul, Austrália e países da União Europeia, aprovam em média mais de 150 mil estudos por ano, cada um entre 30 e 90 dias em média.

Outro exemplo de Ontário no campo da pesquisa clínica é o Ontario Research Fund, que recebeu investimentos de $ 760 milhões para suporte à infraestrutura de pesquisa de ponta, laboratórios e equipamentos necessários para conduzir uma pesquisa de alcance global. A província também faz inovações acessíveis por meio do programa de taxa de incentivo para pesquisa e desenvolvimento, que está disponível para empresas qualificadas de qualquer tamanho e possibilita custos elegíveis mais amplos que nos Estados Unidos, por exemplo.

A maior lição a ser aprendida de Ontário reside na necessidade de oferecer condições básicas para a atração de estudos clínicos. O Brasil precisa de jurisdições dedicadas, desenvolvimento de colaboração com stakeholders e garantia de recursos contínuos para garantir que os estudos sejam realizados aqui. Além disso, um processo contínuo de política de inovação é fundamental para garantir que os estudos alcancem resultados cada vez melhores.





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