Maior longevidade, melhor qualidade de vida, detecção precoce de doenças, tratamentos mais eficazes, menos invasivos e mais seguros, além da redução do tempo de internação hospitalar e da mortalidade, são alguns dos avanços na área da saúde alcançados com a ajuda das tecnologias desenvolvidas para o setor nos últimos anos.
Os benefícios abrangem da prevenção, passando pelo diagnóstico, tratamento e até a reabilitação, resultando em impactos para pacientes, profissionais e hospitais, segundo o diretor executivo de Relações Institucionais da Associação Brasileira da Indústria de Alta Tecnologia de Produtos para Saúde (Abimed), Aurimar Pinto.
O diagnóstico por imagem ganhou precisão com equipamentos como ultrassonografia, tomografia computadorizada, medicina nuclear, radiologia intervencionista e ressonância magnética que exigiram qualificação profissional e possibilitaram a detecção precoce de doenças.
Entre as tecnologias mais inovadoras, ele destaca os transplantes, que deram respeitabilidade mundial ao Brasil, e o sistema de neuronavegação, um conjunto de tecnologias assistidas por computador que possibilita a ressecção de tumores cerebrais permitindo cirurgias com maior segurança em locais do cérebro de difícil acesso.
Produtos para audição, medidores de insulina e marcapassos, entre outros, revolucionaram a saúde fora do ambiente hospitalar. "Cada vez menores, os marcapassos contribuem para restabelecer a função cardíaca logo após o implante e em menor tempo de recuperação cirúrgica", afirma Aurimar Pinto.
Avanços importantes ocorreram também na cardiologia, segundo o diretor da Associação Médica Brasileira (AMB), José Bonamigo. Um deles é o implante de válvula aórtica transcateter, conhecido como TAVI, que permite a substituição da válvula aórtica sem a necessidade de abrir o tórax. Menos invasiva, beneficia em especial pacientes de alto risco para cirurgias de peito aberto.
Há inovações também em cirurgia plástica. Uma delas são os programas de planejamento cirúrgico que permitem prever o pósoperatório e com isso melhorar os resultados das cirurgias, diz o especialista em cirurgia plástica Nívio Lemos Moreira Jr. Ele lembra que há ainda avanços curativos relevantes, como o uso de célulatronco para acelerar a cicatrização de feridas geradas por queimaduras.
Em biotecnologia, algumas das mais importantes tecnologias recentes se referem a Gene Editing por meio do método CRISPR CAS 9, afirma o presidente da Sociedade Brasileira de Biotecnologia (SBBIOTEC), Luiz Antonio Barreto de Castro. A nova ferramenta de edição de genoma permite a modificação de genomas com maior precisão e ganha destaque como tratamento médico do futuro no que se refere às doenças genéticas.
Os medicamentos de biotecnologia trouxeram benefícios à terapêutica contra o câncer, como os anticorpos monoclonais, imunoterapia que direciona o tratamento mais especificamente às células doentes. Segundo Castro, o Ministério da Saúde deverá adquirir R$ 10 bilhões em medicamentos biotecnológicos em 2016, entre os quais em especial os anticorpos monoclonias para as terapias do Sistema Único de Saúde (SUS).
Os hospitais também contam com tecnologia para aperfeiçoar os processos das instituições e melhorar a qualidade da atenção ao paciente desenvolvida por meio de sistemas mais complexos, como os de tecnologia da informação (TI), e com iniciativas simples, mas inovadoras, segundo o presidente do Conselho de Administração da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), Francisco Balestrin.
Novos players devem continuar trazendo mudanças no mercado de saúde, prevê Aurimar Pinto, da Abimed. Os serviços de monitoramento remoto de pessoas deverão ser ampliados. A radiologia intervencionista tende a ser a nova cirurgia. A robótica ganhará espaço assim como a genômica, que já é usada no tratamento de câncer e que deverá ser aplicada na prevenção. A telemedicina deverá se intensificar. Um estudo da PwC, segundo ele, prevê uma redução potencial de US$ 14 bilhões nos gastos com saúde no Brasil até 2017 se forem adotadas tecnologias móveis. Com essas tecnologias, 40 milhões de pessoas de áreas mais remotas do país poderiam evitar a ida aos grandes centros para realizar assistência básica.
Fonte: Valor Econômico – 13.11.2015