Um estudo realizado com 131 instituições de saúde do país indica que a maioria delas teve aumento de faturamento em 2014 e pretende investir em Tecnologia da Informação. Gestores de hospitais, operadoras de planos de saúde, centros de medicina diagnóstica e empresas de homecare foram entrevistados pela SaúdeBusiness em parceria com a PwC sobre cinco áreas: gestão administrativofinanceira, de pessoas e de TI, responsabilidade socioambiental e governança corporativa. O Valor antecipa os principais resultados do estudo sobre TI, que será divulgado dia 26.
Sistemas de gestão integrada (ERP em inglês) já são adotados por quase 80% dos hospitais participantes do estudo, alguns deles, públicos. Nos próximos dois anos, um terço dos executivos planeja investir em ferramentas de inteligência de negócios (BI) e 37% em gestão de processos de negócios (BPM). A tendência é a evolução da simples armazenagem de dados digitais para um modelo de inteligência e análise de dados, diz a gerente de inteligência e pesquisa da SaúdeBusiness, Priscila Cruzatti. Entre os participantes, 97,4% mencionam algum grau de crescimento no faturamento. Em 80% das organizações, o crescimento variou de 5% a 40%. "Existe uma tremenda oportunidade para o fornecimento de soluções de prontuário eletrônico e de interoperabilidade de dados clínicos", afirma o diretor da Intersystems para a América Latina, Carlos Eduardo Nogueira. A empresa americana atua desde 2001 no Brasil,
onde tem mais de mil clientes. Para ele, é forte a tendência de substituição do modelo "hospitalocêntrico" de gestão da saúde por um descentralizado, com foco na prevenção e no engajamento do paciente. Embora essa mudança ainda enfrente resistência, ela é pressionada pelo envelhecimento da população. Doenças crônicas como câncer, diabetes e hipertensão correspondem a 70% dos custos do sistema.
A avaliação é compartilhada pela diretora sênior global de softwares para gestão hospitalar da Philips, Solange Plebani: "Os recursos são limitados, por isso a busca de eficiência é muito importante hoje." A empresa já instalou sistemas de computação para 700 prestadores de serviços de saúde no Brasil. Há casos em que a redução dos custos operacionais chega a 30%, diz a executiva.
Outra fornecedora global de soluções de TI para a saúde, a IBM, fechou um acordo estratégico em 2014 com a Apple para acoplar sistemas analíticos de monitoramento remoto a dispositivos "vestíveis". A companhia americana também está investindo bilhões de dólares em computação cognitiva. A computação cognitiva uma tendência em maturação que promete revolucionar a área. Ela envolve inteligência artificial e está associada à datafication, isto é, o uso de técnicas científicas para capturar e analisar grandes quantidades de dados que tenham impacto na assistência médica e nos processos de negócio. "Nossa visão é que não vai existir saúde sem uma relação umbilical com a TI", diz o executivo de soluções para saúde, educação e governo, Antônio Carlos Dias.
A Dasa, maior prestadora de serviços de medicina diagnóstica da América Latina, está investindo R$ 280 milhões este ano para ampliar as atividades no Brasil. Desse valor, 20% se destinam à incorporação de novas tecnologias fornecidas por parceiros. Uma das marcas da companhia, o laboratório Delboni, adotou em agosto uma esteira automatizada com 76 metros de comprimento, desenvolvida pela Siemens para aumentar a produtividade e reduzir custos. Com isso, a capacidade de produção passou de 5 mil para 10 mil testes por colaborador e o número de resultados de exames entregues em um dia saltou de 70% para 95%.
A Totvs tem dois carroschefes para o setor de saúde no Brasil, onde mantém cinco filiais e 52 franquias. O primeiro é o Prontuário Eletrônico Cinco Certos, que faz validações quanto à correção do medicamento, da identidade do paciente, da dosagem, do tempo e da via. O segundo é o Hospital Information System, sistema de informações integradas que deve entrar em funcionamento no fim do ano no Hospital do Coração em São Paulo. Faz parte do HIS o gerenciador de dispensação para farmácias, que auxilia no controle e prescrição de medicamentos. "Um grande desafio é unificar o prontuário eletrônico do paciente, pois ainda há desconfiança dos médicos em assinar digitalmente o documento", diz o diretor do segmento de saúde da empresa, Marcelo Souccar.