A crise e o custo dos remédios
06/11/2015
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) alertou nesta semana que o avanço na expectativa de vida nos países membros e parceiros e o surgimento de novos medicamentos de alta especialidade destinados ao combate de doenças mais complexas reforçam o debate sobre a sustentabilidade e a eficiência das despesas da população com medicamentos. Só nos países da organização, os gastos com remédios atingiram US$ 800 bilhões em 2013, o equivalente a 20% de todas as despesas com saúde no ano.

A expectativa de vida tem crescido com regularidade entre os integrantes da OCDE, aumentando em média de três a quatro meses a cada ano, segundo o relatório "Panorama da Saúde 2015", divulgado anteontem. No Japão, que lidera a estatística, houve crescimento de mais de 10 anos desde 1970, para uma idade atual de 82 anos. Entre os países emergentes, há uma percepção de convergência para a média da OCDE. A expectativa de vida ao nascer subiu no Brasil de pouco menos de 60 anos nos anos 70 para 75 anos em 2013.

Segundo o relatório, a crise econômica traz um risco aos cuidados para com a saúde, uma vez que famílias com baixos rendimentos apresentam de quatro a seis vezes mais probabilidade de não ter necessidades médicas atendidas, como provam dados dos últimos anos na Grécia, país que se viu obrigado a reduzir a despesa pública de forma drástica.

No Brasil, um caminho tortuoso parece estar sendo trilhado. Em setembro, dentro de vários cortes do ajuste fiscal, foi anunciado que o programa Farmácia Popular, que subsidia preços em até 90%, será cortado em R$ 578 milhões no ano que vem.

É preciso criar maneiras de o País não perder os avanços conquistados desde a estabilização econômica. De acordo com dados da indústria, só entre 2007 e 2013, o Brasil saltou da décima para sexta colocação no mercado farmacêutico mundial. A estimativa é de que em 2017 possa chegar ao quarto lugar, perdendo apenas para Estados Unidos, China e Japão. As compras públicas de remédios evoluíram de R$ 1,8 bilhão em 2003 para R$ 11,8 bilhões uma década depois.

Fonte: DCI - 06.11.2015




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