O cenário brasileiro futuro foi foco do Brazil Summit 2015, organizado pelo The Economist nesta terça-feira (27/10). Entre os obstáculos nacionais estão a falta de acesso a investimentos e liquidez e a desaceleração da China. A economia, de acordo com a Irene Mia, da unidade de inteligência do The Economist, irá sofrer contrações em 2016 e 2017, com taxa de inflação mal controlada, dívida externa aumentando e taxa de câmbio mantida a quase R$4 para US$1.
Isso se traduzirá em dificuldades para manter os investimentos estrangeiros, aumentar a baixa confiança dos consumidores e, colaborado pelo cenário político, minar a competitividade brasileira.
Pedro Parente, presidente do Conselho da BM&FBovespa, vê que a crise atual não será solucionada com o ajuste fiscal sendo aprovado pelo congresso. De acordo com ele, o Brasil está inserido num trama fiscal incoerente, acumulada ao longo de 1991 a 2015. O sistema do Brasil, que aumentou os gastos governamentais juntamente com a expansão da economia neste período, não conta com ajustes necessários para acomodar a nossa realidade, estando o governo sujeito a deterioração cada vez maior.
Citando Tom Jobin “Brasil não é para iniciantes”, Parente também fala sobre o estigma que as empresas, empresários e empreendedores sofrem na economia brasileira – retratados como parasitas e demandantes ilegítimos do sistema político-econômico nacional. Citando vários números, como o tempo médio de processamento dos impostos, burocracia e leis trabalhistas, finalizou com a dificuldade dos políticos brasileiros em enxergar onde estamos, para onde queremos ir e o caminho para percorrer essa trajetória.
As sessões do panorama econômico e político do Brasil contou com um clima mais sombrio em relação ao futuro, com o Fernando Gabeira citando a crise ética e social que se agrava e a Monica de Bolle, fellow do Peterson Institute, que detalhou as dificuldades no campo econômico e a inabilidade do governo em solucionar os problemas.
Talvez o mais otimista nestes dois painéis foi o Axel Christensen, chefe de investimentos estratégicos para a América Latina e Iberia da BlackRock, que cita a procura de oportunidades de investimentos pela empresa e a atração de investidores que enxergam oportunidade nesse clima de pessimismo para encontrar oportunidades.