Na crise, empresas rebaixam plano de saúde de funcionário
28/10/2015

Por Joana Cunha

A crise não afetou apenas a assistência médica dos trabalhadores que já tiveram suas vagas cortadas e deixaram de contar com os planos de saúde privados. Para os que ainda estão empregados, os planos de saúde oferecidos pelas empresas estão sendo enxugados.

Três movimentos se intensificaram neste ano: 
1) empresas que estão trocando de plano de saúde e buscando operadoras que ofereçam pacotes mais baratos; 
2) empresas que estão introduzindo o modelo de coparticipação, em que o funcionário paga uma parte da consulta;
3) as que estão rebaixando a rede de benefícios oferecida aos funcionários, com hospitais de menor categoria, troca de internação individual por coletiva e redução de reembolso.

"O plano de saúde tem hoje um impacto muito forte na folha de pagamento. Em momentos de dificuldade econômica, os empresários passam a avaliar todas as rubricas", diz José Carlos Abrahão, diretor-presidente da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).

Benefícios em análise 
O impacto dos benefícios de saúde na folha de pagamento das empresas subiu de 10,38% em 2012 para 11,54% neste ano, segundo pesquisa da consultoria especializada Mercer Marsh realizada com mais de 500 companhias.

"Isso acontece porque a inflação médica, que regula o aumento dos preços dos planos de saúde, é de 7 a 8 pontos percentuais acima da inflação de preços", diz Francisco Bruno, consultor senior da Mercer Marsh.

Neste ano, a corretora Aon registrou alta de 58% nas consultas de seus clientes em busca de mudanças. Segundo Rafaella Matioli, diretora técnica de saúde, 22% decidiram trocar de operadora em 2015. Redução de custos foi um dos motivos citados.

Divisão de custos 
Já 17% mudou o valor de contribuição fixa por parte do funcionário, aquele pago pelo empregado com desconto em folha de pagamento para custear o plano de assistência à saúde. A crise também intensificou a tendência da coparticipação, que vinha sendo adotada nos últimos anos.

O levantamento da Mercer Marsh mostra que o número de empresas que cobram a participação dos funcionários no pagamento de consultas subiu de 44% em 2014 para 51% em 2015.

O Grupo Fleury recentemente adotou o sistema de coparticipação de seus funcionários para "manter o equilíbrio entre o custo do benefício e o seu uso consciente e sustentável", segundo Eduardo Marques, diretor de Pessoas do grupo.

O Senac São Paulo retirou hospitais como Sírio e Einstein da rede de atendimento a funcionários e dependentes. Procurado, o Senac nega que o motivo tenha sido corte de custos.





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