Uma das empresas mais inovadoras e enigmáticas do setor de Saúde tem estado em foco na mídia americana. A Theranos tem seu valuation determinado em mais de 9 bilhões de dólares e se pauta na promessa de diagnósticos laboratoriais com apenas poucas gotas sanguíneas – ao contrário do atual modelo de coleta laboratorial.
A polêmica veio quando o The Wall Street Journalpublicou um artigo sobre um antigo funcionário que citou que, dos 240 testes oferecidos pela empresa, apenas 15 são, de fato, realizados com a tecnologia dos equipamentos proprietários e, especialmente, de uma máquina, a Edison, enquanto todos os outros estão sendo feitos em uma máquina da gigante Siemens e de outras grandes empresas tradicionais do setor. Só essa informação já tira boa parte da mágica ao redor da empresa, certo?
Mas, além disso, outro antigo funcionário acusa a empresa de não reportar resultados questionáveis do equipamento proprietário – ferindo regras federais para laboratórios. Sempre misteriosa, quando questionada sobre o assunto em um fórum, também pelo The Wall Street Journal, Elizabeth Holmes – CEO da Theranos – disse que estaria sendo atacada pela indústria de laboratórios.
Conversando com especialistas do setor, muitos posicionamentos são expressos, desde uma grande confiança e admiração pela empresa e pela fundadora Elizabeth, até uma grande desconfiança sobre suas reais capacidades diagnósticas.
A pressão regulatória após a publicação do diagnóstico foi tão grande que a empresa parou de usar a máquina para quase todos os testes realizados por ela, tendo só um ainda liberado – de herpes. Isso preocupa e deixa dúvidas sobre o real valor da empresa e sobre a divergência entre o que é feito e o que é divulgado para o mercado.
Uma coisa é certa, Elizabeth terá que abrir mão do mistério que tem sustentado muito do seu sucesso e passar a compartilhar um pouco mais claramente a real evolução da empresa – e, claro, provar para os órgãos competentes que seu império não é de papel.