Parte dos clientes da Unimed Paulistana poderá transferir seus contratos para outras operadoras do Sistema Unimed sem precisar cumprir carência, por meio da chamada portabilidade extraordinária.
A possibilidade consta de um acordo (Termo de Ajustamento de Conduta, ou TAC) assinado pelo Sistema Unimed com o Procon de São Paulo, o Ministério Público Estadual, o Ministério Público Federal e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
A migração valerá para clientes da Unimed Paulistana que possuem planos individuais, familiares e coletivos empresariais com menos de 30 vidas.
A mudança poderá ser feita para planos da Central Nacional Unimed, Unimed Seguros e Unimed Federação do Estado de São Paulo (Unimed Fesp).
O acordo não garante que os preços cobrados pelos novos planos sejam iguais aos da Unimed Paulistana. Mas as empresas terão de dar um desconto de 25% sobre o valor que cobravam por seus planos na data de assinatura do acordo.
A portabilidade extraordinária não valerá para clientes de planos coletivos por adesão, como aqueles contratados por meio da Qualicorp (160 mil dos cerca de 744 mil contratos da Unimed Paulistana).
A diretora-executiva do Procon-SP, Ivete Maria Ribeiro, diz que o TAC foi assinado porque, apesar de outro acordo feito anteriormente com o órgão, o atendimento não estava sendo garantido.
"Percebemos que era necessária uma mobilização de órgãos de direitos do consumidor, porque a situação estava insustentável. Tínhamos reclamações que beiravam a crueldade: mulheres que não tinham onde fazer o parto, pessoas que faziam quimioterapia e tiveram o tratamento interrompido."
A portabilidade extraordinária terá início nesta quinta-feira (1º). As empresas e a Unimed do Brasil deverão enviar uma carta aos clientes da Paulistana em até 20 dias, com a oferta de todos os seus planos individuais/familiares disponíveis para contratação.
Essa lista deverá conter, obrigatoriamente, quatro tipos de planos apresentados no TAC: Básico Enfermaria com Coparticipação; Básico Enfermaria; Básico Apartamento; e Especial Apartamento; além de outras opções.
A escolha caberá ao consumidor, que depois deverá se dirigir à empresa escolhida para fazer a contratação.
O acordo prevê, ainda, que os consumidores mais vulneráveis, como os internados e os que estão em tratamento continuado, tenham prioridade na portabilidade.
As Unimeds deverão também divulgar, em seus pontos de venda e sites na internet, os preços máximos dos planos oferecidos, a rede credenciada e o modelo de contrato.
A ANS anunciou em 2 de setembro que, por causa dos graves problemas financeiros e de gestão da Unimed Paulistana, a empresa teria de repassar sua carteira de clientes para outra operadora.
O prazo para esse repasse termina nesta sexta (2), mas, segundo a própria operadora, não houve interesse até agora.
Caso a alienação não seja feita até sexta, o prazo poderá ser prorrogado por mais 15 dias. Se nem assim houver ofertas, a ANS poderá leiloar os contratos da Unimed Paulistana.