Muito se especula sobre quais são os segredos para o sucesso e as estratégias de algumas empresas diante do mercado. Afirmo que um dos pontos fortes para a presença de uma gestão preventiva e diferenciada é o uso assertivo dos dados/indicadores na tomada de decisão. Em instituições de saúde, por exemplo, o caminho passa pelo uso da Big Data juntamente com o Business Intelligence (BI), que resulta em sustentabilidade financeira e, por consequência, mais qualidade no atendimento assistencial ao paciente. Outro caminho possível, também, é a busca por automatização de processos.
Felizmente, segundo o TIC Saúde 2024, estudo realizado pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic), o quantitativo de Unidades Básicas de Saúde (UBS) que utilizam a ferramenta de BI para entender o momento de fazer pedidos de medicamentos subiu de 65% em 2023 para 72% este ano. Já na funcionalidade “pedidos de materiais e suprimentos”, houve um aumento de 6%, passando de 59% em 2023, para 65% em 2024.
Se pararmos para analisar os resultados da pesquisa, veremos que pouco mais da metade das UBS muito provavelmente estarão com o estoque de suprimentos de acordo com a demanda usual dessas unidades. Nas demais, porém, há o risco de ter um estoque superfaturado, ocasionando desperdícios financeiros, ou com falta de materiais necessários para atendimentos imediatos.
Ainda considerando a falta de análise de dados nesses setores, ambos os cenários são prejudiciais a unidade de saúde e, por consequência, ao paciente, uma vez que poderá haver prejuízos monetários devido ao descarte de medicamentos vencidos, por exemplo, ou a demora no início de procedimentos clínicos – podendo vir a prejudicar o sucesso do tratamento.
Esses são apenas alguns pontos que enfatizam o quanto se ter com controle de estoque através do suporte de dados faz toda a diferença. Por isso, acredito que a inclusão de ferramentas como o BI em instituições de saúde, em especial no setor de compras, possibilita não só o controle do estoque sistematizado, mas, também, a análise de quais materiais são mais utilizados, fornecedores com entregas ágeis, valores competitivos, disponibilidade de mercado, entre outros.
Além dos dados, outro ponto que deve ser considerado por gestores de compras é a integração de ferramentas de automatização na rotina do time. Afinal, quando os processos mais simples são feitos de forma automática, torna-se possível aos antigos responsáveis pela função atentarem-se a outros fatores que influenciam de forma direta ou indireta nos resultados que o setor leva à instituição e consequentemente atuarem de forma mais estratégica.
O objetivo, ao fim, é que não somente a instituição ganhe ao contar com uma gestão mais estratégica e eficaz, mas também o paciente ao receber um atendimento de excelência.
A missão é construir uma unidade de saúde que investe em tecnologia para garantir que todos os medicamentos e insumos necessários estejam à disposição e o mais importante: para uso imediato.
*Eduardo Negrão é Diretor de Tecnologia da Apoio Cotações.