Em meio ao processo de reestruturação após a venda para a americana United Health, a operadora de planos de saúde Amil planeja fazer uma oferta para resgatar duas emissões de debêntures em circulação no mercado, no valor de R$ 1,2 bilhão.
As operações de resgate antecipado de debêntures são relativamente comuns, mas a da Amil será a primeira em que essa opção não estava prevista na emissão. Com isso, a companhia terá que negociar as condições com os detentores dos papéis, em um processo semelhante ao que acontece com os títulos externos.
As cláusulas de resgate antes da data de vencimento são um fenômeno tipicamente brasileiro. Com o histórico de juros altos, as empresas que emitem títulos de dívida no mercado se valem dessa previsão para ter a possibilidade de trocar uma dívida mais cara por uma mais barata em caso de redução nas taxas.
Embora haja uma previsão de compensação para os investidores, com o pagamento de um prêmio, as emissões com a possibilidade de resgate antecipado em geral não são bem recebidas. O BNDES, por exemplo, tem como política não adquirir debêntures com opção de compra antecipada com prazo inferior a seis anos. Nos últimos anos, a maior parte das captações realizadas pelas empresas com amplos esforços de venda a investidores já não conta com o resgate antecipado.
É o caso das debêntures que a Amil pretende resgatar agora. Os papéis foram emitidos em 2010 e 2011, quando as taxas de juros e os prêmios de risco para as emissões de títulos privados estavam bem mais elevados do que hoje.
Os papéis de uma das séries da emissão de 2010, com prazo de três anos, saíram na época a 1,30% ao ano mais a variação da taxa do depósito interfinanceiro (DI), que acompanha a Selic. Na semana passada, a taxa de referência dos mesmos títulos era de 0,60%.
A Amil propôs um prêmio equivalente a 0,20% ao ano sobre o preço de mercado dos títulos para comprar as debêntures dos investidores. A oferta será analisada pelos investidores em assembleia marcada para o dia 25 de março. Procurada, a empresa alegou estar em período de silêncio e não comentou o assunto.
A proposta de resgate oferecida aos debenturistas da Amil foi bem recebida, mas encontrou resistência em pelo menos uma gestora de fundos ligada a um grande banco, conforme apurou o Valor. "Caso seja bem sucedida, a oferta pode se tornar uma referência para o mercado brasileiro", diz um executivo que acompanha a operação.
O resgate das debêntures também facilita o caminho para a United fechar o capital da Amil. A empresa americana já entrou com pedido de oferta pública de aquisição (OPA) das ações da companhia listadas na BM&FBovespa.
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