Além de informação, disclosure é ferramenta para aumentar a confiança na instituição
21/11/2024

O Anahp Ao Vivo – Jornada Digital de novembro, que está abordando a experiência do paciente, avançou na última quinta-feira (14) com o tema “Disclosure – protocolo necessário para comunicação efetiva e segurança do paciente”. O encontro reuniu especialistas de hospitais de ponta para debater os desafios e as boas práticas de comunicação em situações de eventos adversos.

Helidea Lima, diretora de Qualidade Assistencial da Rede D’Or São Luiz, iniciou contextualizando que a experiência do paciente vai além da satisfação e que o foco principal deve estar na segurança. Segundo ela, o disclosure, mais do que um protocolo de comunicação, deve ser visto como uma ferramenta para fortalecer a confiança na instituição. “Não estamos apenas tentando evitar judicializações, mas garantindo que as famílias saibam que estamos comprometidos com a transparência e o aprendizado”, enfatizou.

Para a diretora, um dos principais desafios nesse sentido é a falta de maturidade das instituições para lidar com o disclosure de forma estruturada. “É preciso um sistema robusto de governança e cultura justa para que o processo seja efetivo”, destacou. E apontou como exemplo a adoção de diretrizes internacionais, como o protocolo canadense, que prioriza a comunicação clara e empática. E completou: “Se queremos um ambiente seguro, precisamos incluir o paciente como parceiro no processo de cuidados”, completou.

Leonardo Cavadas, médico do Núcleo da Qualidade e Segurança do Paciente do Hospital Pequeno Príncipe, acrescentou que a comunicação aberta em casos de eventos adversos também é essencial para o aprimoramento da operação. “O disclosure é um imperativo ético que permite aprender com os erros e melhorar continuamente a assistência”, afirmou. Ele contou que a incorporação de diretrizes, como as do CPSI (Canadian Patient Safety Institute), estimula uma cultura de comunicação clara e centrada no paciente, especialmente em um ambiente pediátrico, onde as famílias precisam ser mais envolvidas no cuidado.

Cavadas falou ainda sobre as duas etapas fundamentais do disclosure: inicialmente, é importante expressar pesar e fornecer informações disponíveis, seguido por uma comunicação final, após a conclusão da análise do evento. “A abordagem precisa ser honesta e empática, mas, ao mesmo tempo, evitar conclusões precipitadas”, alertou. Para o médico, é indispensável treinar os profissionais para lidar com essas situações e manter a confiança das famílias, mesmo nos momentos mais críticos.

Fábio Motta, vice-diretor de Qualidade e Pesquisa Clínica do Hospital Pequeno Príncipe, enfatizou a importância de políticas claras dentro das instituições para orientar os profissionais sobre o processo. “Devemos ter protocolos bem definidos para garantir que a comunicação aconteça da forma que esperamos”, afirmou. Além disso, ressaltou que o disclosure não deve ser encarado como admissão de culpa, mas como um compromisso ético com o paciente.

Motta também reforçou a necessidade de separar o momento do disclosure da fase investigativa. “O objetivo inicial é acolher a família e apresentar apenas os fatos conhecidos”, explicou. E acrescentou que a presença de um representante da alta gestão também é vital para demonstrar seriedade e compromisso. “Uma comunicação rápida e transparente reduz a ansiedade e previne a escalada para crises maiores”, destacou.

Encerrando o debate, Ana Lúcia Abrahão, superintendente assistencial no Hcor, pontuou que o caminho para um disclosure eficaz passa pela capacitação contínua e a transformação cultural nas organizações. “Precisamos criar um ambiente onde a segurança do paciente seja prioridade e a comunicação seja genuinamente empática”, concluiu.

Anahp Ao Vivo – Jornadas Digitais

Confira os próximos encontros de novembro e participe:

  • 21/11, às 10h – Melhorando a experiência do paciente: cases práticos
  • 28/11, às 10h – O que diz o Projeto de Lei sobre direitos dos pacientes em tramitação no Senado
Fonte: Anahp




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