Com a ampla adoção de prontuários eletrônicos e a crescente utilização de smartphones pelos consumidores, o desafio atual na área da saúde não é mais desenvolver software ou aplicativos isolados. A verdadeira oportunidade reside na conexão desses indivíduos e dos sistemas que utilizam, facilitando interações mais eficientes e inovadoras. A saúde, com suas inúmeras partes interessadas e vastas quantidades de dados, é um terreno fértil para a utilização de plataformas que facilitem essas conexões.
Mas, por que isso deve ser feito? A saúde suplementar no Brasil enfrenta a necessidade urgente de eliminar desperdícios e reduzir o custo da desconfiança entre hospitais e operadoras de saúde. A prestação de serviços depende fortemente da coordenação, comunicação e colaboração entre médicos, pacientes, operadoras, seguradoras e outros atores do ecossistema. Transações como reivindicações médicas, autorizações prévias, prescrições e compartilhamento de dados médicos são os elementos essenciais que mantêm o sistema de saúde em funcionamento.
No entanto, o processamento dessas transações, que deveria ser fluido e eficiente, muitas vezes torna-se um gargalo que atrasa a prestação de cuidados e aumenta os custos operacionais. Tradicionalmente, organizar a conta de um paciente após a alta pode levar semanas no Brasil. E, muitas vezes, acaba impactando em atrasos nos pagamentos, que chegam a variar de 60 a 180 dias. Além disso, de acordo com dados divulgados, em 2023, pela Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), 60% das glosas estão relacionadas a questões administrativas.
Plataformas que integram e automatizam essas transações podem transformar esse cenário, criando uma rede na qual as interações são fluidas, rápidas e seguras. Mais do que apenas um meio de troca de informações, têm o potencial de remodelar o funcionamento do sistema, permitindo uma colaboração mais estreita entre as partes interessadas e liberando recursos valiosos que podem ser redirecionados para o atendimento ao paciente.
Com a capacidade de monitorar e gerenciar os documentos necessários para o faturamento em tempo real, as instituições podem garantir um processo mais transparente e eficiente. Isso não só elimina recusas administrativas, mas também acelera significativamente a receita. Quando falamos sobre o ciclo de receita, as áreas de atendimento, apoio e assistência geram diversas informações que precisam ser processadas de maneira consistente para garantir a correta cobrança das operadoras de saúde.
Por isso, para as instituições de saúde, adotar e integrar tecnologias de validação de transações médicas e financeiras é mais do que uma questão de eficiência operacional — é uma oportunidade estratégica. As plataformas bem-sucedidas são aquelas que não apenas facilitam as interações existentes, mas também criam novas formas de conexão entre os diversos atores da saúde. Isso inclui a simplificação de processos complexos, a redução de erros e fraudes, e a aceleração dos ciclos de receita.
Aliás, é crucial transformar e remodelar a maneira pela qual os pagamentos de saúde, sinistros e ciclos de receita são processados, trazendo maior eficiência a todo o sistema. Hoje, como sabemos, o cenário é desafiador para todos os stakeholders, e a tecnologia tem o potencial de oferecer benefícios significativos para todos eles. De um lado, os prestadores de serviços de saúde beneficiam-se de maior liquidez; do outro, as operadoras possuem mais visibilidade das transações e menor custo operacional. Já para os pacientes, a experiência nessa etapa do processo é aprimorada.
Desta forma, evoluir é mais do que necessário. É aqui que as plataformas digitais entram em cena, proporcionando um meio para validar essas transações de forma automatizada, confiável e transparente. Com suas capacidades de rede, elas são o futuro da saúde. Instituições que souberem utilizar esse poder estarão na vanguarda da transformação do setor. Ao investir em soluções que validam e automatizam transações médicas e financeiras, as instituições não apenas asseguram sua sobrevivência em um ambiente competitivo, mas também criam um sistema de saúde mais eficiente, transparente e colaborativo, beneficiando todos os envolvidos.
*Fabio Lia é Country Manager da Osigu – Brasil.