A fumaça causada pelos incêndios florestais que atingem diversas regiões do Brasil nos últimos meses tem gerado uma crise de saúde pública. A poluição do ar alcançou níveis alarmantes em cidades como São Paulo, onde a qualidade do ar foi comparada ao consumo diário de 4 a 5 cigarros. Esse cenário não só impõe riscos à saúde imediatos e a longo prazo, mas também sobrecarrega os sistemas de saúde, tanto público quanto suplementar, com o aumento de casos de doenças respiratórias e cardiovasculares. A necessidade de investimento em programas de prevenção é crucial para evitar uma sobrecarga nos serviços de pronto atendimento.
Impactos na Saúde e Aumento de Casos Respiratórios
A exposição à fumaça de incêndios florestais afeta a saúde de forma aguda e crônica. O material particulado fino (PM2.5), presente na fumaça, é responsável por agravar diversas condições, principalmente em crianças, idosos e pessoas com doenças crônicas. Entre os principais efeitos, podemos destacar:
Esses efeitos sobrecarregam o sistema de saúde, gerando um aumento expressivo nas hospitalizações, principalmente em períodos de picos de poluição. Nos serviços de saúde suplementar, observa-se uma crescente demanda por atendimentos em pronto-socorro, internações por complicações respiratórias e consultas de emergência. Esse aumento não só gera pressão nos serviços, mas também eleva os custos operacionais, impactando diretamente a sustentabilidade do setor.
Saúde Suplementar e a Sobrecarga dos Serviços
Com o aumento da incidência de doenças respiratórias, as operadoras de saúde suplementar enfrentam desafios adicionais. A demanda por atendimentos em pronto-socorro aumenta consideravelmente em períodos de incêndios e alta poluição, resultando em mais internações e custos para as operadoras. Estudos já indicam que o aumento das hospitalizações por complicações respiratórias eleva os custos médicos e pode impactar os índices de sinistralidade, comprometendo a sustentabilidade financeira das operadoras.
Além disso, a sobrecarga dos serviços de pronto atendimento leva a uma diminuição na qualidade dos cuidados oferecidos. O aumento da demanda, especialmente em curtos períodos, pode gerar filas nos atendimentos e pressão sobre os profissionais de saúde, elevando o risco de erros e compromissos na atenção ao paciente.
A Necessidade de Programas Preventivos para Reduzir a Sobrecarga
Para mitigar o impacto da fumaça de queimadas e evitar a sobrecarga dos serviços de saúde suplementar, é fundamental investir em programas de prevenção a doenças respiratórias. Algumas medidas que podem ser implementadas incluem:
Prevenção como Pilar para a Sustentabilidade da Saúde
O impacto da fumaça de queimadas na saúde pública e suplementar é significativo e exige uma resposta coordenada entre governos, operadoras de saúde e a sociedade civil. Investir em programas de prevenção é a chave para proteger a saúde da população e garantir a sustentabilidade dos sistemas de saúde, tanto público quanto suplementar.
A criação de campanhas de conscientização, a implementação de tecnologias para monitoramento da qualidade do ar e o fortalecimento da atenção primária são passos essenciais para evitar a sobrecarga nos pronto atendimentos e prevenir o agravamento de doenças respiratórias. A proteção à saúde começa com a prevenção, e o combate à poluição causada por queimadas é uma questão de urgência que não pode mais ser ignorada.
A saúde suplementar, por sua vez, deve se antecipar a essas crises ambientais e incorporar práticas preventivas em suas operações, promovendo a saúde respiratória de seus beneficiários e reduzindo os custos associados à alta demanda por tratamentos emergenciais. A sustentabilidade do setor passa, inevitavelmente, pelo fortalecimento das políticas de prevenção.
A construção de um futuro mais saudável passa pelo fortalecimento das políticas de saúde pública, pelo incentivo à inovação tecnológica e, principalmente, pela conscientização de que cuidar do meio ambiente é cuidar da nossa própria saúde.
*Clay Schulze é gestor de Contas de Saúde da Datainfo para clientes Previva.