Na última segunda-feira (21), a 13ª edição do CNN Talks Saúde reuniu líderes do setor de saúde, governo e indústria, em São Paulo, para um jantar-debate sobre “Saúde no Brasil e as Estratégias para Impulsionar o Futuro”.
Desafios do complexo industrial de saúde e a necessidade de uma gestão eficiente e integrada do SUS foram alguns dos principais temas debatidos. Entre as autoridades presentes, estavam o vice-presidente, Geraldo Alckmin, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, e a secretária de Informação e Saúde Digital do Ministério da Saúde, Ana Estela Haddad.
O médico cardiologista Roberto Kalil Filho teve o papel de anfitrião da noite, no Palácio Tangará, enquanto o jornalista Márcio Gomes, âncora da CNN, moderou as discussões a respeito dos próximos passos para um sistema de saúde mais forte e eficiente no Brasil.
Ao discutir os desafios e oportunidades do setor, Alckmin ressaltou a importância de fortalecer a produção nacional e diminuir a dependência de insumos importados.
“O segundo déficit da balança comercial brasileiro é o complexo industrial da saúde, só perde para TI. Então, temos de aumentar a fabricação no país. Hoje nós importamos 55% de tudo que compõe o complexo industrial da saúde", afirmou.
Ao aumentar a fabricação nacional, o Brasil reduz a dependência externa. E o governo, segundo Alckmin, está adotando medidas para que isso aconteça, como o financiamento de iniciativas voltadas para pesquisa e inovação.
“São R$ 66 bilhões do BNDES, Finep e Embrapi a 4% ao ano de juros. Ou seja, juro real zero para a gente aumentar os centros de pesquisa, desenvolvimento e inovação no Brasil", explicou.
O vice-presidente destacou que TI e saúde vão crescer exponencialmente, inclusive mencionou o plano estratégico Nova Indústria Brasil (NIB), no qual o setor da saúde está inserido. "O Ministério da Saúde acabou de lançar um grande edital de Programas de Desenvolvimento Produtivo (PDPs), com mais de 300 projetos apresentados", detalhou.
A meta, de acordo com Alckmin, é que o Brasil fabrique 50% dos medicamentos até 2026 e esse percentual chegue a 70% até 2033.
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, abordou os desafios e avanços do sistema de saúde brasileiro, enfatizando a necessidade de uma gestão integrada para melhorar o atendimento à população. Ela destacou que a construção de políticas de saúde eficazes exige tempo, instrumentos adequados e financiamento. "Desde 2023, já conseguimos recuperar a capacidade de coordenação do Ministério da Saúde, em um grande trabalho de reconstrução," explicou.
Sobre as filas de espera para atendimento, a ministra ressaltou a aprovação da Política Nacional de Atenção Especializada (PNAES) e o lançamento do Programa Mais Acesso a Especialistas (PMAE).
A PNAES busca garantir o acesso a serviços de saúde de maior densidade tecnológica, que vão além da Atenção Primária, como redes de urgência e emergência, serviços de reabilitação, transplantes, atenção hospitalar e materno-infantil, entre outros. Promove a regionalização, a integração com outras redes de saúde, a segurança do paciente e a modernização dos serviços, além de priorizar a formação de profissionais qualificados e a adoção de tecnologias digitais.
Já o PMAE faz parte do PNAES e visa agilizar o acesso a consultas e exames especializados no SUS. Reduz burocracias e facilita o encaminhamento feito pelas equipes de Atenção Primária.
Uma das inovações do PMAE é garantir que o paciente seja encaminhado a serviços de saúde que realizem a maioria dos exames e consultas necessárias, evitando múltiplas filas e agilizando o atendimento, que deve ser concluído em até 30 ou 60 dias, dependendo da gravidade da situação. O programa também prevê o acompanhamento e supervisão dos serviços pelas secretarias de saúde, assegurando que o paciente retorne para a equipe de Atenção Primária que o acompanha.
Além disso, Nísia falou sobre os avanços nas cirurgias eletivas, destacando a importância de ampliar o acesso a procedimentos médicos programados. “No ano passado, conseguimos realizar importantes cirurgias programadas, utilizando uma metodologia eficaz,” afirmou. A ministra também destacou que "600 mil cirurgias a mais foram realizadas em 2023," reforçando o compromisso com o aumento do acesso a profissionais especializados.
A ministra enalteceu o valor que a saúde digital agrega e a necessidade de dados qualificados para uma ação mais eficaz. "Para que possamos agir de forma eficiente, precisamos de informações bem qualificadas," afirmou, acrescentando que a digitalização do SUS, com o programa SUS Digital, está sendo aprofundada para melhorar a informatização da rede. "Financiamento e gestão precisam caminhar juntos", complementou.
A secretária de Informação e Saúde Digital do Ministério da Saúde, Ana Estela Haddad, lidera as iniciativas recentes para transformar o SUS em uma plataforma cada vez mais digital e esteve presente no CNN Talks Saúde.
"Ver diferentes players do ecossistema de saúde no Brasil trocando ideias, discutindo políticas públicas junto com o setor privado, é muito positivo para que haja um equilíbrio na construção de cada setor. É o momento de fazer a informação circular e compreender diferentes perspectivas”, analisou.