O envelhecimento populacional no Brasil é uma realidade inegável, com estimativas indicando que, até 2060, 33% da população será composta por idosos (60+), de acordo com o Censo 2022 e projeções do IBGE. Esse cenário traz tanto desafios quanto oportunidades, especialmente para o mercado de trabalho. A inclusão de profissionais com mais de 60 anos está se tornando um ponto central nas práticas de ESG (ambiental, social e governança), considerando os impactos sociais e a sustentabilidade das empresas.
Atentas a essa realidade, as empresas de medicina diagnóstica estão cada vez mais focadas em promover diversidade e inclusão, como aponta a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed). De acordo com a sexta edição do Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico, o número de associadas com políticas formais de diversidade e inclusão cresceu de 17% em 2022 para 50% em 2023.
Em termos de faixa etária, 75% das empresas relataram em 2022 que até 10% de seus colaboradores tinham mais de 50 anos. Em 2023, esse cenário melhorou, com 50% das empresas indicando que entre 11% e 20% de seus funcionários estão nessa faixa etária. Embora ainda haja margem para avanços, esses dados sinalizam uma tendência de maior inclusão de profissionais mais experientes.
Para Regiane Saladino, presidente do laboratório Biofast, associado à Abramed, os profissionais 60+ trazem uma riqueza de conhecimento prático, crucial para decisões críticas e complexas na medicina diagnóstica. “A presença desses colaboradores pode fomentar uma cultura de respeito e aprendizado mútuo, o que é especialmente valioso em um setor onde a qualidade do atendimento e a precisão diagnóstica são fundamentais”, afirma.
Regiane também enfatiza que a inclusão desses profissionais nas empresas de saúde vai além de uma questão de justiça social, representando um importante indicador de diversidade geracional. Segundo ela, essa diversidade é essencial para uma gestão mais abrangente e sensível, especialmente no contexto das boas práticas de Governança Corporativa.
“Com a participação de colaboradores mais experientes nas decisões estratégicas, as empresas podem garantir que suas ações estejam alinhadas com princípios de sustentabilidade e responsabilidade social, criando um ambiente de trabalho mais respeitoso e conectado com os valores da comunidade”, reforça.
Para promover a inclusão de profissionais 60+, empresas do setor de medicina diagnóstica têm implementado medidas como a flexibilização de horários e a melhoria na acessibilidade física e tecnológica. “Além disso, programas de treinamento e requalificação ajudam a garantir que esses colaboradores se sintam valorizados e preparados para lidar com inovações tecnológicas, assegurando que suas contribuições sejam plenamente aproveitadas”, acrescenta Regiane.
No que diz respeito à tecnologia, Regiane defende uma abordagem cooperativa e sensível. Ela destaca a importância de criar um ambiente de aprendizado contínuo, onde os profissionais 60+ possam não só ser treinados, mas também compartilhar suas experiências valiosas.
“A inclusão deles nas equipes de inovação pode enriquecer o processo, garantindo que as decisões e soluções considerem a sabedoria acumulada ao longo de suas carreiras, especialmente em um setor que lida com questões críticas de saúde e precisão”, complementa.
Regiane também ressalta que o idoso contemporâneo é cada vez mais ativo fisicamente, com elevado grau de funcionalidade e independência. Profissionais acima de 60 anos, da geração baby boomer, são conhecidos por sua busca por estabilidade profissional e por permanecerem por longos períodos em seus empregos.
“A inclusão dessa geração no mercado de trabalho não apenas traz experiência e comprometimento, mas também é essencial para formar uma força de trabalho mais diversificada, refletindo as necessidades de uma sociedade em constante transformação”, conclui.
Ao incluir dados sobre diversidade e inclusão em sua publicação anual, a Abramed demonstra seu comprometimento com temas de ESG, reconhecendo a importância desses pilares para o desenvolvimento sustentável e ético do setor. “A longo prazo, a adoção dessas práticas fortalece a resiliência do setor de medicina diagnóstica, ao se alinhar às demandas da sociedade, dos investidores e de um mercado cada vez mais consciente sobre seu impacto social e ambiental”, finaliza Milva Pagano, diretora-executiva da Abramed.