O Outubro Rosa é um mês de conscientização que, a cada ano, reforça a importância do diagnóstico precoce do câncer de mama. Uma gestão estratégica e eficiente dos serviços de saúde torna-se um dos principais pilares para combater a doença, que figura entre as mais incidentes no Brasil.
Para cada ano do período de 2023 a 2025, estima-se que ocorrerão 73.610 novos casos, correspondendo a uma taxa de incidência ajustada de 41,89 casos por 100.000 mulheres, segundo o Inca – Instituto Nacional do Câncer. A prevenção e o diagnóstico precoce são estratégias para reduzir o impacto da doença, tanto no aspecto humano quanto nos custos do tratamento.
A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) aponta que, em 2023, foram realizadas quase 1,5 milhão de mamografias em laboratórios de medicina diagnóstica associados, um aumento de 20% em relação a 2022. No entanto, desafios permanecem: mais de 15% de absenteísmo, ou seja, essas pacientes agendadas não realizaram o exame nos últimos dois anos, gerando um gargalo para a prevenção.
No SUS – Sistema Único de Saúde, a taxa de cobertura de mamografias de rastreamento — exame utilizado para prevenir e detectar precocemente o câncer de mama — ficou abaixo de 35% em todos os estados, de acordo com relatório do Inca. Há uma desigualdade no acesso ao exame. Roraima, por exemplo, apresenta a menor cobertura, 6,7%, enquanto o Paraná tem a maior taxa, 33,6%.
A agilidade no diagnóstico faz toda a diferença, afirma Vivian Milani, médica radiologista da Fidi - Fundação Instituto de Pesquisa e Estudo de Diagnóstico por Imagem, que presta serviço ao SUS em São Paulo e Goiás. "Quando tratamos rapidamente, podemos evitar a quimioterapia, uma das etapas mais caras e desgastantes do tratamento. Por isso, políticas de prevenção e conscientização são fundamentais", pontua.
Do ponto de vista tecnológico, a telemedicina tem sido um fator transformador no setor, acelerando a entrega de laudos e aumentando a eficiência no atendimento. Para os gestores de saúde, a otimização desses processos é uma oportunidade para melhorar os resultados clínicos, aumentar a adesão aos exames preventivos e, consequentemente, reduzir os custos operacionais associados a tratamentos tardios e mais agressivos.
Há também exames com tecnologias mais refinadas, como a tomossíntese das mamas, capaz de identificar microlesões e reduzir a necessidade de exames complementares. "A inclusão da tomossíntese nos protocolos clínicos tem revolucionado o rastreamento do câncer de mama, permitindo a identificação de lesões em estágios iniciais", afirma Nara Fabiana Cunha, médica radiologista do Sabin Diagnóstico e Saúde.
A combinação de avanços tecnológicos e políticas de conscientização reforça a necessidade de uma gestão proativa e eficiente no enfrentamento do câncer de mama.