Com mais de 575 mil médicos formados no Brasil, segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM), a crescente demanda por profissionais de saúde qualificados destaca a importância dos hospitais-escola. Esses centros, que integram ensino, pesquisa e atendimento médico, são fundamentais na formação de futuros especialistas. Além de instituições acadêmicas, os hospitais-escola desempenham um papel essencial no Sistema Único de Saúde (SUS), oferecendo serviços especializados e sendo referência em tratamentos de média e alta complexidade.
A rede hospitalar universitária no Brasil conta com mais de 200 hospitais de ensino e tem sido crucial na formação de médicos, cujo número mais que dobrou nos últimos 20 anos. Dados do Ministério da Educação mostram que a demanda por essas instituições continua em crescimento. Em Curitiba (PR), o Hospital Universitário Cajuru se destaca como centro de formação, com atendimento 100% SUS.
Nos hospitais-escola, estudantes e residentes vivenciam de perto a prática clínica. Sob orientação de professores e médicos experientes, eles vão além da teoria, lidando com a complexidade dos casos clínicos e aprendendo a importância do cuidado humanizado e de qualidade. Para Viviane Chaiben, coordenadora de excelência acadêmica dos hospitais Universitário Cajuru e São Marcelino Champagnat, essa experiência prática é crucial. "É nos hospitais-escola que os profissionais se tornam sensíveis às necessidades sociais. Ali, eles aplicam o aprendizado de sala de aula e simuladores, interagem com médicos, lidam com dilemas emocionais de pacientes e familiares e experienciam o cotidiano da Medicina", explica.
A vivência em hospitais públicos e privados é igualmente indispensável para a formação completa de médicos. Leonardo Pereira Vieira da Cunha, residente em Medicina Intensiva no Hospital Universitário Cajuru, ressalta essa importância: "A experiência tem me permitido aprimorar o manejo de pacientes críticos, trabalhar com equipes multidisciplinares e desenvolver habilidades de liderança". Além de atuar no SUS, ele também tem experiência no Hospital São Marcelino Champagnat. "O ambiente privado ampliou minha visão sobre os diferentes níveis de complexidade e tecnologias disponíveis", comenta.
A residência médica, uma modalidade de pós-graduação para formados em Medicina, é um dos pilares da formação profissional. Com uma carga horária de 60 horas semanais, o médico residente acumula mais de 2,8 mil horas de prática por ano, focando na vivência real. A residência ocorre em hospitais-escola, onde os pós-graduandos atuam sob a supervisão de especialistas. No Brasil, há mais de 4 mil programas de residência médica, abrangendo 55 especialidades e 61 áreas de atuação.
Os hospitais-escola vão além da formação de médicos; eles são fundamentais para a pesquisa e inovação na área da saúde. Através de estudos clínicos e da implementação de novas tecnologias, essas instituições impulsionam o avanço da Medicina e melhoram os serviços oferecidos à população. A integração entre ensino e prática clínica gera um ciclo virtuoso, beneficiando tanto os alunos quanto os pacientes. "O benefício é mútuo. Enquanto o estudante aprimora sua formação, o paciente recebe um cuidado ainda mais atento e detalhado, graças à dedicação do residente", aponta a médica intensivista dos hospitais do Grupo Marista.
Diante dos desafios crescentes da saúde pública no Brasil, o papel dos hospitais universitários se torna cada vez mais relevante. Com o aumento da demanda por serviços de saúde, a falta de profissionais qualificados e as desigualdades no acesso, a expansão e fortalecimento desses centros de formação são essenciais. "Hospitais-escola bem estruturados, com ambulatórios acadêmicos e preceptores qualificados, são cruciais para moldar jovens médicos. A cultura de cuidado baseada em evidências e excelência orienta esses novos profissionais em sua trajetória", conclui Viviane Chaiben.