O Hospital Israelita Albert Einstein incorporou novas tecnologias na unidade do Morumbi, em São Paulo, incluindo o uso de exoesqueletos em sua área de reabilitação.
As tecnologias contemplam: dispositivos híbridos de assistência (HAL), que auxiliam na correção e movimentação do corpo em diferentes formas; o HAL Lower Limb Type, que visa promover a correta biomecânica da marcha humana, com correções dos movimentos de quadril, joelho e tornozelo; o Lumbar Type, que apoia os movimentos de flexão e extensão de quadril; e os dispositivos de Single Joint, que promovem auxílio para os movimentos de cotovelo e joelho.
A tratativa e intermédio para trazer a solução foi feita pela Eretz.bio, hub de startups do Einstein. A novidade é exclusiva na América Latina e o Brasil passa a ser o pioneiro em seu uso.
Sidney Klajner, presidente do Einstein, destaca que a organização está comprometida em integrar tecnologias inovadoras, sempre com foco na excelência e segurança da assistência, além de promover acesso e melhorar a experiência do cuidado. “Além de implementar tecnologias de ponta, buscamos gerar conhecimento em saúde por meio do desenvolvimento de inovações, pesquisas e capacitação profissional. Estamos investindo para nos tornarmos um centro de capacitação no uso dessas plataformas na área de reabilitação, assim como já fazemos com a cirurgia robótica, visando disseminar conhecimento prático e ampliar a formação de profissionais qualificados, sempre com ênfase na qualidade e segurança do paciente”, explica Klajner.
Diferentemente das tecnologias já conhecidas no país, que realizam o movimento completo para o paciente, o exoesqueleto introduzido pelo Einstein destaca-se por perceber a intenção de movimento do usuário e potencializar seus micro sinais neurológicos, gerando o movimento. Isso torna o paciente corresponsável e ativo no uso do equipamento durante o processo de reabilitação, favorecendo novas conexões e reforços positivos ao aprendizado.
Milene Ferreira, gerente médica dos serviços de Reabilitação e Medicina Esportiva do Einstein, esclarece: “Trata-se de um recurso terapêutico, não de locomoção. A proposta é utilizá-lo dentro de um contexto de reabilitação, aplicado por profissionais capacitados, visando promover a neuroplasticidade em pacientes com condições específicas, incluindo diversas doenças neuromusculares, mielopatia associada ao HTLV-1, Parkinson, lesão medular, esclerose múltipla e pós-AVC.” Atualmente, a Reabilitação Einstein realiza de 6 a 7 mil atendimentos mensais em alta complexidade.
O uso dessa nova tecnologia é especialmente relevante diante do envelhecimento populacional no Brasil e do aumento de casos de doenças crônicas que podem resultar em fraqueza de movimento. Segundo dados do Censo Demográfico de 2022, pessoas com 65 anos ou mais representam 10,9% da população brasileira, totalizando 22,2 milhões de indivíduos. Além disso, o Acidente Vascular Cerebral (AVC) é a principal causa de incapacidade em adultos no mundo, segundo a Sociedade Brasileira de AVC.
No Einstein, o exoesqueleto será associado à terapia convencional de fisioterapia neurológica, que foca em ajustes posturais, controle de movimento e treinos para facilitar a independência dos pacientes em suas atividades diárias. Com a ajuda do dispositivo, os profissionais de reabilitação poderão realizar sequências repetidas de movimentos corretos, potencializando os resultados e reduzindo o tempo necessário para alcançar os objetivos terapêuticos estabelecidos.
Estudos realizados em países como Estados Unidos, Turquia e Austrália mostram resultados significativos em relação à qualidade do movimento e à funcionalidade na vida diária. Uma pesquisa, por exemplo, evidenciou ganhos na velocidade da marcha, essencial para reduzir o risco de quedas em pacientes com mobilidade alterada após lesões medulares. Outro estudo controlado randomizado com pacientes de oito tipos de doenças neuromusculares lentamente progressivas, como Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), demonstrou melhorias na distância percorrida em um teste de caminhada de dois minutos.
O hospital dará início a um estudo científico com 10 pacientes, cuja proposta já foi submetida ao Comitê de Ética. A expectativa é que, no futuro, o Einstein se torne um centro de referência na América Latina para capacitar outras instituições. Atualmente, a organização já se destaca na formação de profissionais para cirurgias robóticas, com cursos de pós-graduação populares entre estudantes latino-americanos nas áreas de urologia, cirurgia torácica e cirurgia do aparelho digestivo.
O Einstein lançou um programa de Inovação Cirúrgica, uma parceria entre a Eretz e a Rede Cirúrgica, focado na incorporação e validação de novas tecnologias na rede cirúrgica. Em 2023, tornou-se o primeiro hospital do Brasil a adquirir o robô Hugo™ RAS, que permite maior flexibilidade no acesso às estruturas do corpo humano, melhorando a amplitude de movimentos e a visão da área a ser tratada. Mais recentemente, o Einstein também foi o primeiro hospital do país a utilizar a plataforma Mazor™, tecnologia para artrodese da coluna lombar, indicada para o tratamento de hérnias, espondilolistese, escoliose, fraturas e tumores.