Já falamos sobre o potencial das parcerias público-privadas, que conectam expertise e tecnologia, para impulsionar a inovação na saúde pública brasileira, inclusive esse foi um tema amplamente discutido no HIS 2024. Nesta semana, o assunto esteve em pauta no Futurecom 2024, onde líderes de hospitais de excelência destacaram como essas colaborações estão transformando o SUS.
Durante o painel “PPPs: Novas Tecnologias e Inovação a Serviço da Saúde Brasileira”, realizado no congresso Future Gov, representantes de três dos seis hospitais de excelência brasileiros que colaboram com o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS), discutiram o papel das parcerias público-privadas (PPPs) no futuro da saúde pública no país.
Criado em 2009, o Proadi-SUS tem como objetivo fortalecer a capacidade do SUS em diversas frentes, desde a capacitação de profissionais até o desenvolvimento de novas tecnologias médicas. “Em seus 15 anos de existência, o programa vem crescendo e aprimorando seus métodos de governança”, explicou Ana Cristina Marques Martins, gerente-geral de Regulação Assistencial da Diretoria de Normas e Habilitação dos Produtos (DIPRO) da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Ela também enfatizou a importância da diversidade técnica nas equipes dos projetos. “Enfrentar desafios de alta complexidade exige a união de diferentes expertises”.
Hoje, são 179 projetos ativos que abrangem desde o desenvolvimento de pesquisa clínica até a análise de evidências para a tomada de decisão, promovendo a diversidade e a excelência nas ações de saúde. Entre esses projetos estão a Avaliação de Tecnologias em Saúde (ATS), a telessaúde e a interoperabilidade, que incluem ferramentas inovadoras que foram detalhadas pelos participantes do painel.
Layssa Andrade Oliveira, coordenadora de pesquisa do Hospital Oswaldo Cruz, falou sobre a importância da ATS não apenas no SUS, mas para todo o contexto de saúde do país. A metodologia desenvolvida pelo Proadi busca analisar e avaliar novas tecnologias de saúde, como medicamentos, exames e procedimentos, com base em evidências científicas. “Quando falamos de tecnologias em saúde, precisamos conduzir uma análise criteriosa para saber se uma nova solução realmente é eficaz e viável economicamente”, explicou. Layssa destacou, ainda, a constante revisão das Diretrizes de Utilização (DUTs), que asseguram que as tecnologias incorporadas sejam eficazes e acessíveis aos pacientes.
As ferramentas e tecnologias de telessaúde, que têm transformado o atendimento médico em áreas remotas do Brasil, foram os projetos apresentados pela coordenadora médica de saúde digital do Hcor, também integrante do Proadi-SUS. Ela destacou o impacto da teleconsultoria e do telediagnóstico, que já alcançam mais de 580 municípios e realizam 7 mil eletrocardiogramas por dia, ajudando a reduzir filas e garantindo atendimentos mais ágeis. “É gratificante ver como essas tecnologias estão melhorando o acesso e a qualidade do atendimento, especialmente em regiões distantes e de difícil acesso”, disse.
Outro projeto destacado foi o de interoperabilidade e integração dos dados de saúde no Brasil, apresentado por Edson Amaro, médico neurorradiologista responsável pela área de Big Data do Hospital Israelita Albert Einstein. “O Meu SUS Digital é uma rede nacional que permite a integração de dados em tempo real, promovendo a equidade no acesso à saúde em todo o país. Hoje, já temos 8 bilhões de transações de saúde acessíveis ao governo e à sociedade, algo que antes não era possível”, ressaltou.
A diversidade cultural e as dimensões continentais do Brasil exigem esforços contínuos para garantir que essas soluções alcancem até as comunidades mais isoladas. “Estamos trabalhando diretamente com populações indígenas e quilombolas, não apenas na coleta de dados, mas com a participação ativa de membros dessas comunidades”, ressaltou Edson Amaro, ao falar sobre o projeto Veracis, que avalia o impacto das mudanças climáticas na saúde das populações mais vulneráveis.
O Proadi-SUS traz exemplos claros de como a colaboração entre o setor público e os hospitais de excelência está construindo um futuro mais saudável, sustentável e tecnológico para o Brasil.
O Futurecom 2024, maior evento de tecnologia da América Latina, foi realizado em São Paulo, entre os dias 8 e 10 de outubro, com a presença de todo ecossistema de infraestrutura de redes, conectividade e tecnologia aplicada a diversos setores da economia, incluindo o da saúde.