O Hospital São Vicente de Paulo (HSVP-RJ) ingressou recentemente em um seleto grupo de instituições de saúde brasileiras que adotaram a técnica de ablação por campo pulsado para o tratamento de fibrilação atrial, a arritmia cardíaca mais comum, que afeta cerca de 2% da população, especialmente pessoas acima de 65 anos.
Embora ainda pouco conhecida no Brasil, essa técnica se diferencia das mais tradicionais, como a radiofrequência (que aquece os tecidos) e a crioablação (que utiliza baixas temperaturas). “Este procedimento é bastante recente, sendo aplicado nos Estados Unidos e Europa há apenas dois ou três anos, e agora começa a ser utilizado no Brasil”, destaca Lucas Rangel Azevedo, cardiologista responsável por realizar a técnica pela primeira vez no HSVP.
Segundo o especialista, a ablação por campo pulsado proporciona mais segurança. “Essa técnica usa a energia da eletroporação, que causa uma lesão celular precisa, destruindo os poros das células de maneira seletiva e afetando apenas as células do músculo cardíaco, sem danificar estruturas adjacentes”, explica. Para isso, é utilizado um gerador de pulsos.
Além da segurança, a técnica oferece outros benefícios. “Na maioria dos casos, esse método pode reduzir o tempo de cirurgia em até 50% em comparação às técnicas convencionais. O paciente também se recupera mais rápido e permanece menos tempo internado. O principal benefício, porém, é a redução de efeitos colaterais e de danos a estruturas próximas, como o nervo frênico, que controla a respiração, e o esôfago”, comemora o cardiologista.
Ele ainda ressalta que o procedimento só é contraindicado para pacientes com impedimentos no acesso vascular, mas, para a maioria dos pacientes com fibrilação atrial, essa inovação pode trazer grandes benefícios.