Segundo um estudo da Associação Brasileira da Indústria de Tecnologia para Saúde (ABIMED), em parceria com a LCA Consultores, o Índice de Tecnologia Médica cresceu 117% entre 2008 e 2019, gerando um impacto positivo nos custos de saúde. O estudo aponta que a tecnologia médica contribuiu com um aumento médio anual de 0,2% no PIB per capita real, o que representa, em média, R$ 13,84 bilhões a mais de renda para o país a cada ano, totalizando R$ 152,24 bilhões no período.
Esses números reforçam a importância de discutir o investimento em tecnologia no setor de saúde. No entanto, muitas instituições enfrentam dificuldades para alocar recursos extras para essas inovações.
Durante o HIS - Healthcare Innovation Show, esse tema foi abordado no Palco de Tecnologia e Dados, em uma palestra intitulada “Novas tecnologias, mesmos recursos: como negociar investimentos no digital frente às inovações”. O debate foi mediado por Rodrigo Rocha da Silva, Sócio da EY Parthenon, e contou com a participação de Luiz Renato Evangelisti, CIO do Hospital Care, Cristiano Silveira, CIO da Unimed Porto Alegre, e Bruno Damásio, Gerente Comercial de Negociação da Rede Mater Dei de Saúde.
"Imagine uma instituição ter que escolher entre consertar um aparelho de tomografia ou investir em um novo aplicativo, é um grande dilema na nossa área", refletiu Rodrigo Rocha durante a palestra.
A conta não fecha
Em entrevista exclusiva ao Saúde Business, portal de conteúdo oficial do HIS, os palestrantes, que são líderes em tecnologia na saúde, confirmaram que a conta não fecha e discutiram as questões que permeiam esse tema.
“É uma equação que realmente não fecha fácil. Acho que o primeiro passo para equilibrá-la é muita conversa, análise de dados e evidências. Isso ajuda a trazer mais clareza e faz a conversa fluir melhor”, ressaltou Luiz Renato Evangelisti.
Ele também destacou a importância de ter um framework ou uma regra clara para guiar as decisões. "Essa regra começa no planejamento estratégico da empresa. Quando a estratégia está bem definida, isso facilita muito na hora de decidir onde investir e, o que é tão importante quanto, onde não investir. Esse é um ponto que às vezes esquecemos, mas é essencial: saber onde não aplicar recursos também faz parte da equação," completou Luiz.
Bruno Damásio destacou a importância de tomar decisões em conjunto com outras áreas, como a financeira. “Quando essas decisões são compartilhadas e temos indicadores claros para acompanhar, o processo de investimento se torna muito mais eficiente”, afirmou.
Ele também mencionou que a conversa foi muito enriquecedora, ressaltando a relevância de dois pontos fundamentais discutidos no painel: parcerias estratégicas e segurança da informação. "Embora a segurança da informação seja algo intangível, é de extrema importância para garantir o sucesso das inovações", concluiu.
Para Cristiano Silveira o grande valor da palestra está em compartilhar experiências e decisões, tanto deram certo quanto as que deram errado. “Se conseguimos transmitir aos espectadores formas de pensar que possam ser adaptadas aos seus negócios, já teremos cumprido nosso papel. E, sem dúvida, se as pessoas saírem daqui com novas ideias a partir dos nossos cases, já teremos atingido o objetivo do dia.
Luiz Renato Evangelisti reconheceu que essa é uma pergunta desafiadora, mas destacou que cibersegurança e segurança da informação são áreas prioritárias que não podem ser deixadas de lado no Hospital Care.
"Estamos começando nosso processo orçamentário para o próximo ciclo, e ao olhar para os próximos dois ou três anos, os principais investimentos estarão focados em segurança cibernética, padronização de processos – que é uma prioridade para nossa companhia – e dados, com ferramentas e consultorias especializadas, além de inteligência artificial. Sabemos que no próximo ano começaremos de uma forma, mas já temos em mente que a inteligência artificial será uma área de destaque nos anos seguintes."