Cirurgias robóticas prometem transformar cuidados médicos até 2035
19/09/2024

Procedimentos com maior precisão, minimamente invasivos e com recuperação mais rápida são algumas das principais vantagens das cirurgias robóticas, realizadas por médicos com o auxílio de robôs. O avanço tecnológico na saúde e nas comunicações tem impulsionado o crescimento desse setor, com projeções indicando uma ampla adoção global desses procedimentos.

De acordo com um relatório da GlobalData, empresa internacional de análise de dados, a cirurgia robótica deve revolucionar os cuidados médicos até 2035. O relatório “Future of Healthcare” projeta que o mercado de dispositivos de cirurgia geral alcançará um valor de 58 milhões de dólares até 2033. O estudo destaca que esses procedimentos podem aumentar a eficiência e melhorar os resultados cirúrgicos, proporcionando vantagens significativas para médicos e pacientes.
 

No Brasil, a primeira cirurgia robótica foi realizada há 16 anos. Em 2022, o Conselho Federal de Medicina (CFM) regulamentou esses procedimentos, estabelecendo que devem ser realizados em hospitais capacitados para alta complexidade e por cirurgiões treinados.

O urologista Aníbal Branco, do Hospital São Marcelino Champagnat, realiza cirurgias robóticas na área uro-oncológica, com destaque para a prostatectomia radical robótica no tratamento do câncer de próstata. Ele também realiza nefrectomias parciais e radicais para tratar tumores renais malignos. Branco afirma que a tecnologia é indispensável: “Eu diria que o futuro já está presente. Recentemente, participei de um congresso na Itália, onde foi realizada, pela primeira vez, uma cirurgia com o cirurgião em Roma e o paciente em Pequim. Isso foi possível graças à cirurgia robótica e à tecnologia 5G. O procedimento ocorreu sem intercorrências. Isso já é uma realidade e a tendência é que se torne rotina, permitindo realizar cirurgias em áreas remotas”, relata.

Aumento das cirurgias robóticas

O número de robôs cirúrgicos no Brasil mais que dobrou em cinco anos, passando de 51 em 2018 para 111 no ano passado. Essa expansão facilitou a realização de procedimentos. Em 2024, o Hospital São Marcelino Champagnat, em Curitiba (PR), atingiu a marca de mil cirurgias robóticas realizadas com dois tipos de robôs. O Da Vinci X, utilizado em diversas especialidades, oferece orientação visual avançada e controles precisos, enquanto o ROSA Knee é especializado em artroplastia total do joelho, proporcionando cortes exatos e auxiliando o ortopedista com precisão.

Para o gerente médico do hospital, Jarbas Motta Junior, a adoção de tecnologias avançadas é crucial para manter a excelência: “No Centro de Cirurgia Robótica, contamos com médicos altamente capacitados para garantir um serviço de excelência. É com grande satisfação que chegamos à marca de mil cirurgias robóticas e seguimos comprometidos em estar sempre na vanguarda da saúde”, observa.

O ortopedista Antonio Tomazini, especializado em cirurgia de joelho, destaca que a tecnologia robótica melhorou o acesso a intervenções complexas: “O uso da cirurgia robótica proporciona mais precisão, menos sangramento e uma execução aprimorada. Os pacientes sentem menos dor no pós-operatório e necessitam de menos medicação. Isso é especialmente benéfico para pessoas com mais de 60 anos, que são mais sensíveis a medicamentos”, analisa.

Custos e desafios

Devido à alta tecnologia envolvida e à necessidade de constante aprimoramento dos profissionais, as cirurgias robóticas são mais caras e, em muitos casos, ainda não são cobertas pelos planos de saúde, representando um desafio para o acesso a esses procedimentos.
 

O urologista Aníbal Branco acredita que a chegada de novas plataformas e empresas ao setor de saúde deve reduzir custos e democratizar o acesso: “Temos uma empresa líder de mercado há mais de 20 anos. Já chegaram duas novas plataformas ao Brasil, ainda de forma tímida, mas há mais de 30 novas plataformas, muitas da Ásia, especialmente da China, que prometem baratear o mercado. A expectativa é que algumas sejam aprovadas pela Anvisa, o que deve reduzir os custos e ampliar o acesso à cirurgia robótica, inclusive no sistema público”, finaliza.





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