Na última semana, o Fórum Internacional de Lideranças da Saúde (FILIS), promovido pela Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), aconteceu em São Paulo, abordando temas de extrema importância para o setor como interoperabilidade, ESG e inovações no setor de saúde. Com o macrotema "Saúde Inovadora: Oportunidades para um Setor Sustentável", o evento reuniu especialistas para discutir os caminhos para um sistema de saúde mais eficiente.
Um dos momentos de destaque do evento foi a discussão sobre interoperabilidade liderada por Eliézer Silva, Diretor do Sistema de Saúde Einstein no Hospital Albert Einstein e Membro do Conselho de Administração da Abramed, que conduziu o debate ao lado de um elenco de peso – Ana Estela Haddad, Secretária de Saúde Digital do Ministério da Saúde; Adriana Costa, Diretora Geral da Siemens Healthineers Brasil; Giovanni Guido Cerri, Professor Titular da FMUSP e Presidente do Conselho Diretor do InRad-HCFMUSP; e Marina Viana, Diretora Executiva da GE HealthCare Brasil.
O debate apontou as limitações e potencialidades dessa integração, comparando-a com a eficácia das plataformas de streaming, como o Spotify, que muitas vezes parecem "conhecer" seus usuários melhor do que os próprios médicos.
Marina Viana destacou que a internet das coisas (IoT) associada à inteligência artificial já permite uma personalização avançada em diversos setores, mas que a saúde ainda enfrenta desafios significativos para alcançar esse nível de integração. "Hoje, temos a limitação de unir a IoT à inteligência artificial para que os médicos tenham acesso a informações tão completas quanto as fornecidas por plataformas de entretenimento", afirmou.
Por outro lado, Ana Estela chamou a atenção para a necessidade de uma análise crítica da "dataficação" da vida, ressaltando que a saúde deve fazer o melhor uso desses dados, garantindo a continuidade do cuidado em qualquer ponto de atendimento, mas sem perder de vista os desafios éticos e as desigualdades sociais.
Giovani trouxe à discussão a importância da interoperabilidade para o sistema de saúde coletiva, destacando seu papel crucial na sustentabilidade do setor e na redução das desigualdades no acesso à saúde. Cerri afirma que o Brasil, com seus 200 milhões de habitantes, enfrenta um desafio gigantesco para implementar essa integração, mas é um caminho inevitável para melhorar o sistema de saúde como um todo.
A conversa também explorou parcerias estratégicas entre os setores público e privado. Adriana Costa destacou iniciativas internacionais bem-sucedidas, como o sistema de saúde digital da Dinamarca, enquanto Marina Viana enfatizou a importância de projetos de interoperabilidade, fundamentados em experiências bem-sucedidas tanto no Brasil quanto no exterior.
O debate deixou claro que a interoperabilidade não é apenas uma questão tecnológica, mas também uma necessidade estratégica para alcançar um sistema de saúde mais eficiente, equitativo e centrado no paciente. A união de esforços entre diferentes setores é vista como fundamental para superar os desafios e transformar o futuro da saúde no Brasil e no mundo.