Quem vai a uma unidade do laboratório Fleury, em São Paulo, para fazer um exame de sangue, agora vai encontrar um pão de queijo quentinho antes de ir embora. Assim como já acontece para os clientes do Hermes Pardini, em Belo Horizonte. Esse é um dos pontos que marcam a fusão das duas empresas de medicina diagnóstica, oficializada há um ano e já com bons números para o grupo.
Conforme os resultados apresentados ao mercado na semana passada pelo grupo, o lucro líquido no segundo trimestre de 2024 foi de R$ 173,6 milhões, valor 47,5% acima do registrado no mesmo período em 2023. A receita bruta foi de R$ 2,1 bilhões - um aumento de 19,7% sobre o segundo trimestre do ano passado.
De acordo com a CEO do Grupo Fleury, a médica Jeane Tsutsui, o crescimento de receita e lucro se deve à combinação das receitas de Fleury e Hermes Pardini, empresas que são complementares em suas atuações. “O Fleury era muito forte nas unidades de atendimento, enquanto o Pardini sempre foi referência no setor lab-to-lab (prestando serviço para outros laboratórios). E hoje temos uma empresa muito mais robusta, muito mais diversificada, com 22 mil colaboradores e quase 5 mil médicos de forma conjunta”, afirma a executiva.
A partir da combinação das empresas , o grupo passou a investir ainda mais no B2C - quando uma empresa vende seu produto ou serviço para o consumidor final -, ampliando o número de unidades de atendimento ao público em 25% e fortalecendo a diferenciação no segmento premium. O B2C hoje corresponde a 67% da receita do grupo. “Acabamos de chegar a Santa Catarina. Temos agora 529 unidades de atendimento em 14 estados e no Distrito Federal”, adianta Jeane.
Sobre o pão de queijo característico da marca mineira que foi levado para as unidades de São Paulo, Jeane diz que a ideia tem sido muito bem aceita pelo público paulista. “Isso é empatia. E o Pardini sempre teve no acolhimento aquele momento em que você para pra comer o pão de queijo e sente até um certo alívio”, explica.
A CEO também faz questão de contar que as duas marcas do Grupo Fleury devem investir fortemente em uso de tecnologia, para facilitar processos e melhorar o atendimento. A inteligência artificial, por exemplo, já está presente em diferentes processos dos laboratórios, segundo ela. “Nós já usamos na ressonância magnética. Os algoritmos de deep learning permitem que você tenha um ganho significativo na produtividade por redução no tempo de captura de imagem em equipamento de ressonância magnética em 48%. Isso traz bem-estar para o paciente e melhora na qualidade do resultado”.
A tendência é o grupo continuar crescendo pelo país através de aquisições, de acordo com o diretor financeiro do grupo, José Antonio Filippo. “O mercado de medicina diagnóstica é muito fragmentado no Brasil. Há muitos laboratórios pequenos que podem ser vendidos. E sempre que há essa possibilidade, a gente analisa, observando geografia, o tipo de ativo e o aspecto econômico”, relata o diretor financeiro, lembrando que o aspecto cultural também é levado em conta, já que a transição é feita logo após a aquisição. “Nós queremos as preservações das marcas, dos legados, mas é sempre bom analisar para ver se a integração não vai ter algum tipo de desafio maior ali”.