Em vigor nos Estados Unidos desde 1982, os Diagnosis Related Groups (DRG – Grupos de Diagnóstico Relacionados) surgiram para definir quanto o sistema Medicare pagaria para seus prestadores de serviços, o que trouxe um pouco mais de controle aos orçamentos da área pública de saúde. Estudos realizados dentro do sistema mostram redução do custo médio das internações de até 50%, com economia superior a US$ 8 bilhões.
Em outras nações, os benefícios financeiros também não demoraram para aparecer. De acordo com levantamento do Instituto de Estudos da Saúde Suplementar (IESS), na Alemanha, no período de 2005 a 2009, a redução do orçamento hospitalar foi de 25% e, na África do Sul, os prêmios das operadoras passaram a crescer menos: de 10,5% em 2000 para 8,9% em 2013.
Quer saber mais sobre os modelos de pagamento? Faça sua inscrição para o Hospital Innovation Show
No estudo Hospital payment systems based on diagnosis-related groups: experiences in low- and middle-income countries a Organização Mundial de Saúde (OMS) lista os principais benefícios esperados por países do Leste Europeu com a adoção da metodologia. Estônia, China, Hungria, Macedônia, Romênia e Sérvia esperam aumentar a eficiência, a Polônia e a Sérvia buscam mais transparência nas atividades hospitalares e China e Macedônia querem melhorar a qualidade dos serviços. Na Croácia, o modelo também é usado para reduzir as listas de espera por atendimento.
Aqui na América Latina, Chile, Colômbia, Costa Rica, Uruguai, Argentina e México já têm iniciativas em DRG. No Chile, o modelo já foi implantado em 40 hospitais, que cobrem 60% das internações no país, com foco em melhoria da eficiência clínica. Na Colômbia, o sistema é uma alternativa de pagamento no setor privado, ainda que não seja a forma prevalente. Um estudo do Hospital Universitário de Medellin mostrou que 50% das internações poderiam ser abrangidas em apenas 49 grupos de diagnóstico. No Uruguai, uma classificação própria foi criada, enquanto o México adotou um modelo mais semelhante ao dos Estados Unidos. No Brasil, poucas iniciativas vem sendo desenvolvidas e estão, essencialmente, concentradas no sistema Unimed, com cases em cidades como Goiânia, Volta Redonda, Belo Horizonte, Uberlândia e Vitória.
Em geral, observa-se, junto aos prestadores de serviços, uma melhoria na padronização do atendimento, o que traz mais segurança para o paciente, redução de desperdícios e aumento da qualidade assistencial.
Por outro lado, há riscos envolvidos, como a utilização de materiais de menor qualidade nos procedimentos, alta antecipada e subutilização de recursos. Mesmo assim, no Brasil, sua adoção é considerada importante na busca por um sistema de remuneração sustentável e por uma gestão mais eficiente da saúde.
Em entrevista ao Saúde Business, o especialista César Abicalaffe, presidente da 2iM- Inteligência Médica, defende a medida para se alcançar o pagamento por performance (P4P). “O DRG é um primeiro passo importante para a mudança do modelo de pagamento no Brasil, porque padroniza o atendimento. É como o sistema de informações hospitalares do SUS melhorado, com ajustes de risco. Os hospitais de referência estão começando a organizar o faturamento para gerir melhor seus recursos.
É interessante observar que, no mundo, as iniciativas de DRG vieram do lado da fonte pagadora e, aqui, estão partindo dos hospitais, que buscam, com protocolos, reduzir os tempos de permanência e aumentar a rotatividade dos leitos, para assim realizar mais procedimentos. Dessa forma, o nível de informação também vai melhorar, o que contribuirá para a melhoria da gestão clínica e assistencial”, conclui.
Serviço – A Live Health Care Media convida você a participar desse debate no 3º Simpósio de Pagamento por Performance, que acontecerá dentro do Hospital Innovation Show, nos dias 28 e 29 de setembro.
O quê: 3º Simpósio de Pagamento por Performance
Onde: Hospital Innovation Show – Centro de Convenções Rebouças (Av. Rebouças, 600 – Pinheiros, São Paulo – SP – CEP 05402-000)
29 de setembro de 2015