Tendo como carro-chefe o seguro garantia para projetos de infraestrutura, que cobre a entrega de obras e serviços conforme o contrato, a seguradora americana Berkley pretende ampliar sua atuação no país este ano focando em pequenos e médios negócios gerados em torno das grandes obras. Para o fundador da seguradora, William Berkley, que visitou o Brasil recentemente, porém, o mercado de seguros do país ainda é pouco rentável e tem muito a evoluir em termos de avaliação de riscos.
Durante visita a São Paulo e Rio de Janeiro, o fundador da seguradora criada em 1976 e atual presidente do conselho, disse ao Valor que há muitos competidores estrangeiros entrando no mercado brasileiro e que estão aprendendo a atuar no país "pelos erros". Para Berkley, o valor dos seguros (prêmio) cobrado por aqui estão muito baixos e os concorrentes não estão sendo "suficientemente cautelosos com os riscos".
"O Brasil não é um mercado tão desenvolvido quanto parece. Acredito que a competição por preços pode causar perdas substanciais para algumas empresas que estão entrando no mercado", disse Berkley. Segundo a seguradora, essa concorrência tem derrubado os preços dos seguros garantia, que caíram 50% no ano passado.
Para evitar disputar o mercado com grandes concorrentes de garantia, como a J. Malucelli, a seguradora optou por focar em projetos de pequeno e médio porte, em estratégia semelhante à de seguradoras como a Cesce Brasil e a Argo.
A Berkley encerrou 2012 com uma carteira de R$ 100 milhões no Brasil, incluindo seguros garantia, transportes e ramos diversos (risco de engenharia, equipamentos e eventos), e pretende crescer 50% este ano. A estratégia terá como viés o crescimento regional, a partir dos escritórios de Porto Alegre, Curitiba, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Salvador. O lançamento de novos produtos, como o seguro de responsabilidade civil e empresarial, também está no horizonte.
"Deixamos de fazer muita coisa no ano passado que poderíamos ter feito", admitiu José Marcelino, presidente da Berkley no Brasil. "Para alcançar os R$ 150 milhões, vamos fortalecer regionais, reestruturar a regional São Paulo, qualificar equipe de vendas e trabalhar na nova linha de produtos."
"Em 2013 alguns grandes projetos devem andar e eles vão alimentar a cadeia como um todo", disse Marcelino, citando como exemplo as obras do Rodoanel em São Paulo e a concessão de estradas. "Os megaprojetos não são o foco da Berkley por várias razões, como a necessidade alta de resseguro", explicou.
A Berkley projeta que o país vai crescer 3,5% este ano e que muitos projetos vão sair da gaveta no segundo semestre. Para a seguradora, o grande gerador de negócios é o próprio governo. Apesar de não atuar diretamente com o setor público, a Berkley tem como clientes empresas envolvidas nos pequenos empreendimentos em torno das grandes obras.
© 2000 – 2012. Todos os direitos reservados ao Valor Econômico S.A. . Verifique nossos Termos de Uso em http://www.valor.com.br/termos-de-uso. Este material não pode ser publicado, reescrito, redistribuído ou transmitido por broadcast sem autorização do Valor Econômico.
Leia mais em: