Dentro de poucos anos, será possível identificar a doença de Alzheimer com a facilidade e a precisão com a qual, hoje, diagnosticamos índices de glicose ou colesterol. A estimativa é do médico neurologista Wyllians Borelli, coordenador de pesquisa do Centro de Memória do Hospital Moinhos de Vento. Ele foi um dos representantes da instituição na Conferência Internacional da Associação de Alzheimer, realizada na Filadélfia, nos Estados Unidos.
De acordo com o médico, os marcadores plasmáticos foram um dos destaques do evento. Durante a conferência, foi divulgado um estudo realizado na atenção primária e secundária da Suécia, que mostrou que esse tipo de exame teve altíssima acurácia. “Os medicamentos disponíveis atualmente limpam todas as proteínas causadoras da doença presentes no cérebro. Entretanto, os pacientes continuam piorando. A partir desses testes, pode-se identificar antes, e propor intervenção adequada, reduzindo ou até prevenindo esse declínio”, diz Borelli.
No Brasil, 80% das pessoas com demência não têm diagnóstico e, consequentemente, não recebem tratamento. “A grande diferença é que esse teste terá um custo bem menor e será acessível à população. Pela primeira vez, tem potencial para integrar o sistema de saúde como um todo. A partir de um marcador positivo, conseguimos fazer um planejamento melhor”, avalia o médico.
Mesmo que o exame já seja comercializado, o especialista orienta que ainda não há indicação de fazê-lo no Brasil pela falta de estudos nacionais. “Nos próximos anos, em um ou dois anos talvez, teremos condições de fazer a testagem por exame de sangue. E será um grande avanço, teremos um diagnóstico confiável sem necessitar de um grande investimento, que é o maior problema dos exames atuais”, explica.