O papel do cardiologista no tratamento oncológico vai além do cuidado com o coração, envolve acolhimento, empatia e uma abordagem humanizada durante uma fase crucial na vida dos pacientes. Como parte essencial da equipe multidisciplinar, o cardiologista desempenha um papel fundamental, oferecendo suporte e orientação desde o diagnóstico até as etapas mais complexas do tratamento.
Durante as consultas, muitos pacientes chegam aflitos com o diagnóstico de câncer, temerosos sobre os próximos passos, como quimioterapia, radioterapia ou cirurgia. Nesse contexto, a cardiologista do Hospital São José, Dr.ª Mirna Fontoura, explica como o acolhimento cuidadoso e a abordagem empática desse profissional são vitais para transformar os momentos difíceis em experiências menos pesadas. Ao oferecer explicações claras e responder a todas as dúvidas, o médico cria um ambiente tranquilo e acolhedor, não apenas para o paciente, mas também para seus familiares.
"Na cardiologia oncológica, há um cuidado especial com a cardiotoxicidade, uma complicação potencialmente grave causada pelos tratamentos oncológicos. Medicamentos como Antraciclinas, Alquilantes e Trastuzumabe, além da radioterapia em áreas próximas ao coração, podem provocar desde arritmias e hipertensão até insuficiência cardíaca e doenças coronarianas. Os fatores de risco incluem idade acima de 50 anos, hipertensão, diabetes, tabagismo e disfunção cardíaca prévia", esclarece a especialista.
Antes de iniciar qualquer tratamento quimioterápico, uma avaliação de risco cardiovascular é imprescindível. Exames como o ecocardiograma transtorácico auxiliam na condução dos casos, permitindo o monitoramento contínuo durante essa jornada. Ao detectar sinais de cardiotoxicidade, como falta de ar, cansaço, dor no peito ou palpitações, o cardiologista inicia imediatamente uma terapia cardioprotetora, sempre visando o bem-estar e a qualidade de vida do paciente.
Por fim, a médica explica que é fundamental o controle dos fatores de risco através do tratamento adequado da hipertensão, diabetes e dislipidemia (níveis anormais de lipídios no sangue), além de uma alimentação equilibrada, estímulo à atividade física e cessação do tabagismo.
"O compromisso com o cuidado humanizado e o bom atendimento faz toda a diferença para o paciente oncológico, que, nutrido de esperança, enfrenta seu tratamento com mais força e confiança. O hospital torna-se uma segunda casa, onde cada gesto de cuidado contribui para uma jornada mais leve e suportável. O cardiologista, ao ouvir as histórias e lidar com as aflições dos pacientes, cumpre uma missão que vai além do consultório, deixando um impacto duradouro na vida daqueles que enfrentam o câncer", finaliza Dr.ª Mirna.