ANS avalia repassar carteira da Unimed Paulistana
Caso a ANS determine a transferência da carteira, a preferência será dada à CNU e Fesp
01/09/2015
Por Beth Koike
Com problemas financeiros há mais de seis anos, a Unimed Paulistana pode ser obrigada a transferir sua carteira com 745 mil usuários para outra cooperativa médica ou operadora de plano de saúde. Outra alternativa seria a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) renovar por mais um ano o regime de direção fiscal e técnica ­ medida em que um diretor da agência reguladora fica alocado dentro da operadora acompanhando o desempenho financeiro e atendimento aos clientes.
A direção fiscal e técnica, cuja duração é de até um ano, foi implementada na Paulistana pela primeira vez em 2009, depois em 2013, foi renovada em 2014 e agora há um outro pedido de renovação por parte da nova diretoria da cooperativa médica que tomou posse em abril. Caso a ANS determine a transferência da carteira, a preferência será dada à Central Nacional Unimed (CNU) e Federação das Unimeds do Estado de São Paulo (Fesp), segundo o presidente da Unimed Paulistana, Marcelo Nunes.
A CNU possui 1,7 milhão de usuários de planos de saúde corporativos ligados a companhias com escritórios em pelo menos três Estados do país. Em 2014, a Central Nacional Unimed teve receita de R$ 2,5 bilhões e lucro de R$ 42,4 milhões. Já a Fesp, que congrega exclusivamente as Unimeds do Estado de São Paulo e tem 582 mil clientes, apurou prejuízo de R$ 28 milhões para uma receita de R$ 1,1 bilhão no ano passado.
No fim dos anos 90 com a quebra da Unimed São Paulo, os clientes dessa cooperativa foram transferidos para a Paulistana, CNU e Fesp. Atualmente, a Central Nacional Unimed tem em sua carteira 10 mil usuários de planos de saúde individual provenientes da Unimed São Paulo.
De acordo com Nunes, caso seja decretada a alienação da carteira, os passivos tributários, bancários e com prestadores de serviço permanecem com a Unimed Paulistana. O endividamento com os hospitais, laboratórios e clínicas médicas gira entre R$ 400 milhões e R$ 500 milhões e, segundo o executivo, será coberto com as reservas técnicas (provisões exigidas pela ANS), reversões tributárias e faturamentos que ainda não foram creditados.
Na semana passada, a Rede D'Or, dona dos hospitais São Luiz e D'Or, e a Dasa, que comanda laboratórios como Delboni Auriemo e Lavoisier, romperam contratos com a Unimed Paulistana por falta de pagamento. Nunes destacou ainda que a atual rede própria da Unimed Paulistana formada por hospital, clínicas, laboratórios e os médicos cooperados continuarão prestando serviços para outras cooperativas médicas, independentemente do desfecho determinado pela agência reguladora.
O presidente da Unimed Paulistana conta que solicitou à ANS a prorrogação do regime de direção fiscal e técnica, que vence no próximo dia 22 de setembro, por mais um ano para implementar um programa de recuperação da empresa. Hoje, o resultado operacional é negativo em 10%. Nossa meta é que esse indicador seja zero em fevereiro de 2016 e atinja uma margem Ebitda positiva de 10% em 2020, disse Nunes. Um dos indicadores financeiros mais preocupantes é o patrimônio líquido que ficou negativo em R$ 169,2 milhões em 2014.
 
O programa de reestruturação da Paulistana prevê a redução de despesas administrativas e custos com, por exemplo, mudanças da rede credenciada e compras diretas de órteses e próteses. No entanto, essa não é a primeira tentativa da cooperativa médica para equacionar as finanças que até já foram bem piores. Em 2012, a Unimed Paulistana registrou um prejuízo de R$ 120 milhões e precisou fazer uma chamada de capital para que os médicos cooperados entrassem com aportes a fim de compor um fundo de reserva técnica e margem de solvência no valor de R$ 67 milhões. Após esse resultado negativo, foi contratado Augusto Cruz, consultor e ex­presidente do Pão de Açucar, que permaneceu como CEO entre 2013 e o começo deste ano.




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