Sinal de alerta para as operadoras
Desemprego reduz número de beneficiários no primeiro semestre e há preocupação das empresas com os efeitos das demissões até o fim do ano
01/09/2015 - por Por Genilson Cezar

Depois de dez anos de alta, o setor de planos e seguros de saúde liga o sinal de alerta: diminui gradativamente o número de beneficiários no país. No acumulado do primeiro semestre deste ano, as operadoras de saúde perderam 193,2 mil usuários com o aumento na taxa de desemprego. A queda nos seis primeiros meses de 2015 veio principalmente do segmento de planos de saúde corporativos, que perdeu 130 mil usuários. 

O corte dos benefícios poderá aumentar se for mantido o ritmo de demissões, adverte a Associação Brasileira de Medicina deGrupo (Abramge), que reúne empresas privadas de assistência à saúde de medicina de grupo, modalidade que cobre 20 milhões dos mais de 70 milhões de clientes da saúde suplementar brasileira. "A redução não é tão expressiva, porque muitas empresas estendem o benefício do plano de saúde por seis meses ou mais para os demitidos e nem todos os trabalhadores têm o convênio médico", diz Antonio Carlos Abbatepaolo, diretor-executivo da entidade.

Para as operadoras, os indicativos de queda apresentados são reflexos do momento econômico, que afeta negativamente as contratações de planos individuais e coletivos de saúde. "Os planos coletivos empresariais, que representam 66% do total da saúde suplementar, devem, em um futuro próximo, sentir os reflexos do desemprego, que sobe desde janeiro, e da  redução no número de vagas geradas", diz Eudes de Freitas Aquino, presidente ela Unimed do Brasil, sistema composto por 351 cooperativas médicas, que prestam assistência para
mais de 20 milhões de clientes. Segundo ele, a redução de postos de trabalho atingiu 243.948 pessoas, de janeiro a maio deste ano e, se a taxa de desocupação continuar em elevação, vai impactar o setor.

Não há motivos para alarmes exagerados. Alguns resultados financeiros e balanços divulgados no fim de julho e início de agosto mostram que o setor tem um nível razoável de gordura para queimar. A SulAmérica, um dos maiores grupos do setor, fechou o segundo trimestre de 2015 com desempenho expressivo, alta de 14,1 % nos prêmios dos segmentos de saúde e odontológico em relação a igual período ele 2014. Vendas novas e manutenção de elevados níveis de retenção nos planos coletivos (empresarial, adesão, pequenas e médias empresas e odontológicos) são as razões da boa performance, afirma Maurício Lopes, vice-presidente de saúde e odonto da SulAmérica. O número total de segurados da operadora cresceu 2,6%.

No primeiro trimestre deste ano, a Bradesco Saúde e sua controlada Meclisen1ice, que possuem cerca de 4,5 milhões de clientes, cresceram 8,7% em número de beneficiários ante igual período ele 2014. O faturamento das operadoras no ano passado foi de R$14,9 bilhões, mais 22,1% sobre 2013. Já nos três primeiros meses de 2015, a receita atingiu R$ 8,5 bilhões, mais 24,4% ante o mesmo período de 2014, embora no acumulado dos seis primeiros meses do ano em relação a um ano antes, o lucro tenha caído 20%. 

A Qualicorp, administradora de planos ele saúde coletivos e serviços em saúde que tem como presidente Maurício Cechin, ex-presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), exibe uma performance invejável, conquistada nos últimos três anos: 5,2 milhões de beneficiários, 3,2 mil empresas clientes, faluramento bruto de R$ 1,6 bilhão (março de 2015) e valor de mercado de R$ 6,5 bilhões. As previsões são de crescimento, embora não seja possível definir com precisão qual será o seu tamanho. Os dados consolidados pela ANS mostram que o número de consumidores se manteve estável até junho deste ano, quando o setor registrou 50.516.992 beneficiários com planos de assistência médica e 21.526.467 em planos odontológicos. De acordo com a Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), que representa 18 grupos de operadoras de planos privados de assistência à saúde de relevância no mercado, o crescimento do setor pode variar entre 2,7% e 3,3% este ano. Em relação às projeções financeiras, estudo do Sindicato dos Corretores de Seguros no Estado de São Paulo (Sincor-SP) estimou, em junho, que a receita da saúde suplementar atingirá R$ 142 bilhões em 2015, expansão de cerca de 14% em relação a 2014.





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