Monopólio é uma situação econômica que está para o “bem” e para o “mal”. E as duas faces do monopólio estão explícitas até em como o Estado lida com ele: de um lado, combatendo a partir de leis específicas e, do outro, protegendo através de patentes, por exemplo.
Peter Thiel, fundador do Paypal e outras startups de sucesso, afirma que toda empresa bem-sucedida é o monopólio da solução de um problema único. Essa definição é um tanto desafiante para qualquer economista, mas Peter justifica, em seu livro “Zero to One”, que uma empresa dentro de um mercado perfeitamente competitivo não tem margens para pensar e executar ações a longo prazo e, por isso, inovar.
Essa é a razão pela qual o restaurante que está na esquina não é tão diferente daquele da outra quadra ou porque todas as barracas de uma feira de fruta são tão parecidas. Eles estão mais para a competição perfeita do que para o monopólio. E na competição perfeita o preço é ditado pelo mercado, a oferta supri a demanda e, quando há mais demanda, outros negócios surgem para atender. São ofertas homogêneas e nenhuma vantagem competitiva tão relevante assim.
Perceber um monopólio do “bem” é fácil. Quando uma empresa é boa o suficiente para não ter nenhuma outra nem perto de substituí-la, essa situação econômica acontece. Essas empresas conseguem ditar seus próprios preços sem forte influência do mercado e tem margens para inovar e executar planos de longo prazo. Creio que a reflexão vale para o setor de Saúde, que não parece se enquadrar em um mercado perfeitamente competitivo, a começar pela sua complexidade estrutural, deixando muitas brechas para a inovação e serviços diferenciados.
Três exemplos inquestionáveis:
O que dizer sobre a empresa com maior disponibilidade de caixa do mundo? A Apple tem em caixa mais dinheiro do que o tesouro americano. Essa condição é garantida porque ela é o monopólio do design. Muito embora hajam centenas ou milhares de dispositivos similares aos que a empresa produz, ela resolve como nenhuma outra o desejo de uma porção das pessoas que procuram uma experiência diferenciada de design.
É o monopólio do conteúdo sob demanda. Oferece um catálogo maior que qualquer outro e usa tecnologia de recomendação de conteúdo através de dados coletados de todos os seus usuários (Big Data). É a partir desses dados que o Netflix elabora suas produção próprias com uma probabilidade de sucesso alta. Não a toa, a operação brasileira, há menos de um ano por aqui, já supera o faturamento de canais de televisão como Band e RedeTV!.
Dá pra pensar pensar em buscar alguma coisa na Internet e não pensar no Google? A empresa virou verbo – I google, you google… Está na vanguarda da inovação e tem uma margem de lucro de 21%, possível graças a sua capacidade de ditar preços. Seu algoritmo de busca, que sempre encontra os resultados mais certeiros, é o mais avançado e a quantidade de dados que seus robôs já catalogaram fazem do Google o monopólio dos sites de busca.
Em contraste aos monopólios que estão nessa condição por conta de uma imposição, como uma licença, os monopólios do “bem” a garantem promovendo inovação e progresso.
Ao olharmos para o setor de saúde, pensar em monopólio, ou seja, lembrar de alguma empresa que sozinha tem um grande poder de mercado, com capacidade de influenciar no preços, lembro-me do domínio da Kaiser Permanente na Califórnia (EUA), operando em oito estados norte-americanos e sendo o maior consórcio integrado de saúde dos EUA. Com mais de 100 mil empregados, a organização registrou em 2014 um lucro líquido de Us$ 3,1 bilhões e US$ 56,4 bilhões em receitas operacionais. Pensando no Brasil, a Fanem, pioneira na fabricação incubadoras neonatais, é um ótimo exemplo de liderança disparada no mercado de equipamentos médicos do País.
E a sua empresa, pode monopolizar a solução de qual problema para fugir da competição perfeita e das margens de lucro apertas? Deixe nos comentários!