Inteligência artificial, software e o futuro da saúde
18/07/2024 - por Giuliana Corbo

Um estudo recente realizado por pesquisadores da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, revelou que a Inteligência Artificial (IA) pode melhorar significativamente o rastreio mamográfico, detectando com precisão pequenos tumores e reduzindo leituras erradas de falsos positivos. Outro estudo da Science Translational Medicine desenvolveu um programa de IA capaz de identificar pessoas com risco de desenvolver um distúrbio imunológico anos antes do diagnóstico. 

Fazendo um pequeno recorte para o Brasil, a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) desenvolveu a pesquisa “O uso da IA na medicina diagnóstica brasileira”. Segundo o documento, o uso da IA impacta mensalmente um número significativo de pacientes, variando de 10 mil a 140 mil, dependendo do porte e da capacidade dos laboratórios. Nos procedimentos clínicos, a IA permite a melhora da experiência do paciente, com a priorização do laudo por médicos radiologistas na suspeita de casos urgentes. Para os algoritmos de IA que atuam como triagem de casos de urgência, o algoritmo analisa o exame assim que ele é realizado, ganhando tempo. 
 

Os exemplos são muitos e destacam o potencial transformador da IA no campo da medicina e sua contribuição para salvar vidas e melhorar a eficiência dos serviços de saúde. Mas o impacto dessa inovação não para por aí. Em um mundo interligado, a tecnologia é transversal a todas as indústrias, e a IA está construindo uma nova realidade, na qual cada inovação leva as pessoas e a tecnologia a trabalharem em conjunto para melhorar as experiências humanas. 
 

Além de algoritmos inteligentes direcionados diretamente ao desenvolvimento de novas soluções no setor de saúde, como mamografia e distúrbios imunológicos, a contribuição da IA na área médica inclui uma ampla gama de efeitos indiretos, mas não necessariamente menos importantes. 

É aí que entra a engenharia de software, movida pela inteligência artificial, desencadeando um efeito dominó que culmina na medicina, melhorando indiretamente a vida de milhões de pessoas. Quando ferramentas desenvolvidas por engenheiros são integradas em fluxos de trabalho, o impacto é inegável: desde a automação de tarefas até a geração otimizada de códigos, a IA tem o poder de capacitar enormemente os processos de negócios. 

Um estudo baseado em evidências do Github Copilot mostrou que o uso de IA generativa pode reduzir o tempo de desenvolvimento e aumentar a produtividade em até 55%. Portanto, a tecnologia que inicialmente ameaçou levar a um mundo sem programadores está, na verdade, ajudando a construir um mundo com programadores mais eficientes, com liberdade suficiente para se concentrarem em tarefas de nível superior que exigem criatividade e tomada de decisões estratégicas. 

Então, como é que essa maior eficiência na engenharia de software se traduz em benefícios para o setor da saúde? A resposta está numa espécie de “cadeia de favores” tecnológica. Os engenheiros de software, alimentados por ferramentas de IA, desenvolvem soluções inovadoras e mais robustas para seus clientes, muitos dos quais operam no setor da saúde. De acordo com a empresa de consultoria empresarial Frost & Sullivan, a IA pode melhorar os resultados de saúde em 40% e reduzir os custos de cuidados em 50%. Desde aplicações de gestão hospitalar até sistemas avançados de diagnóstico, a engenharia de software, alimentada por IA, está por trás de muitos dos avanços que melhoram a experiência do paciente. 

Tomemos como exemplo os sistemas de informação hospitalar, responsáveis por armazenar, processar e interpretar dados médico-administrativos. Esses sistemas, desenvolvidos por engenheiros de software muitas vezes localizados em locais remotos da América Latina, permitem que os hospitais reduzam custos e sejam mais eficazes, graças à otimização dos processos e à redução dos tempos de atendimento. A incorporação de ferramentas de IA, como Chat GPT e Github Copilot, oferece espaço para os desenvolvedores se concentrarem nas necessidades e preferências dos pacientes e de todos que trabalham no hospital, melhorando os sistemas de forma holística. O seu trabalho, muitas vezes invisível, tem um impacto positivo e tangível na vida de milhões de pessoas. 

Mantendo um objetivo comum, a colaboração entre humanos e tecnologia não é apenas viável, mas essencial para continuar avançando e descobrindo o que parecia ser impossível há alguns anos. Em suma, tanto a IA quanto os engenheiros de software trabalham para a mesma coisa: melhorar a vida dos seres humanos. 
 





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