O Brasil tem observado um aumento significativo no mercado de healthtechs, e esse fenômeno não apenas reflete a transformação digital global, mas também responde a demandas locais por soluções mais acessíveis, eficientes e personalizadas no cuidado com a saúde.
Atualmente, esse ecossistema no Brasil é diversificado e dinâmico. Empresas emergentes estão explorando uma variedade de áreas, desde telemedicina e saúde digital até diagnósticos avançados e gestão de dados de saúde. Além disso, essas startups não apenas introduzem novas tecnologias, como inteligência artificial e big data, mas também repensam modelos de negócios tradicionais, buscando melhorar a eficiência operacional e a experiência do paciente.
Em um levantamento feito pela Liga Ventures, a maior rede de inovação aberta da América Latina, em parceria com a Unimed Fesp, foram mapeadas 536 startups ativas que utilizam diferentes tecnologias com o objetivo de transformar o setor de saúde e entregar melhores soluções e produtos para a população. O estudo aponta que cerca de 11% delas foram criadas entre 2020 e 2023, sendo: bem-estar físico e mental (10%); planos e financiamentos (10%); buscadores e agendamentos (8%); inteligência de dados (8%) e seniortechs (6%).
Um aspecto crucial do sucesso dessas startups é sua capacidade de adaptação às especificidades locais do sistema de saúde. Enquanto algumas se concentram em oferecer acesso a consultas médicas em regiões remotas, outras desenvolvem soluções para melhorar a gestão de hospitais e clínicas urbanas. Esse enfoque personalizado não apenas atende às necessidades variadas dos pacientes brasileiros, mas também reforça o potencial de crescimento das empresas no mercado interno e além-fronteiras.
À medida que nos aproximamos do segundo semestre de 2024, as healthtechs no Brasil estão posicionadas para enfrentar novos desafios e oportunidades. Um aspecto promissor é a crescente integração da tecnologia no sistema de saúde público e privado, impulsionada por políticas de digitalização e pela demanda crescente por eficiência e transparência.
Além disso, a pesquisa citada mostra que 40% das healthtechs são emergentes, 28% estão estáveis, 16% são nascentes e 16% são disruptoras. Com relação às tecnologias mais aplicadas, destacam-se telemedicina (23%); data analytics (22%); API (18%); inteligência artificial (17%) e banco de dados (15%). Já referente ao público-alvo, o estudo mostra que 49% das startups têm como foco o mercado B2B.
Diante desse cenário, espera-se que essas startups continuem a inovar, não apenas desenvolvendo novas soluções tecnológicas, mas também fortalecendo parcerias estratégicas com instituições de saúde estabelecidas, empresas de tecnologia e investidores. Essas parcerias são essenciais para escalar operações, expandir o alcance e garantir a sustentabilidade a longo prazo.
Além disso, o cenário regulatório também desempenhará um papel crucial. À medida que o governo e os órgãos reguladores adaptam suas políticas para acomodar o avanço tecnológico, essas startups poderão operar em um ambiente mais previsível e propício à inovação.
*José Maurício é COO da Doctoralia.