Seguradora carioca será a primeira estrangeira em Cuba

A Capemisa Vida e Previdência, especializada em seguros para baixa renda, será a primeira seguradora estrangeira a atuar em Cuba. A empresa carioca recebeu nesta semana autorização da Superintendência de Seguros Privados (Susep) e pretende iniciar atividades no país caribenho até o fim do primeiro semestre.

Com experiência na venda de apólices nas favelas do Rio, o foco será a oferta de seguro de vida para a população cubana. Trata-se de um contingente de 11 milhões de habitantes, com expectativa média de vida de 79 anos. A seguradora também atuará no seguro garantia, voltado para obras tocadas por empresas brasileiras na ilha.

A expectativa da Capemisa é faturar US$ 100 milhões com a operação nos próximos cinco anos. "É uma oportunidade e tanto porque seremos a única seguradora privada a atuar no país", disse o presidente da Capemisa, José Augusto Tatagiba.

As reuniões com o ministério da Fazenda, Indústria a Comércio da ilha foram agendadas pela Associação Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil). "A Apex trouxe essa proposta e buscou identificar empresas para conversar com o governo cubano", contou Tatagiba. As tratativas começaram em dezembro.

A empresa foi escolhida por seu histórico de atuação em regiões carentes. Com unidades nas favelas de Mangueira, Rocinha, Alemão e Rio das Pedras, a Capemisa oferece seguros de vida por menos de R$ 1. Em Cuba, os tíquetes médios ficarão abaixo de US$ 1.

Ainda pouco desenvolvido, o mercado de seguros cubano é dominado hoje por duas estatais e movimenta cerca de US$ 200 milhões por ano. Não existem por lá modalidades comuns em outros países, como o seguro de veículos, já que a frota é antiga, formada por relíquias da década de 50.

Em fevereiro de 2011, o país anunciou sua entrada na Associação Internacional de Direito do Seguro (AIDA), o que foi interpretado como um sinal de maior abertura econômica, contribuindo para aumentar o interesse de players internacionais pela ilha.

Criada em 1960 e com sede em Botafogo, no Rio, a Capemisa pretende oferecer em Cuba seguro patrimonial e de viagem, que, desde 2010, passou a ser obrigatório para os turistas estrangeiros no país.

A seguradora está particularmente interessada nos projetos de empreiteiras brasileiras em Cuba para oferecer seguro garantia para grandes obras. Tatagiba cita como exemplo o Porto de Mariel, executado em Havana pela Odebrecht.

A expectativa é que a Superintendência de Seguros de Cuba deve publique autorização para a Capemisa atuar em solo cubano nos próximos meses.

A seguradora encerrou 2012 com faturamento de R$ 403 milhões, alta de 19% na comparação com o ano anterior.

Para a operação cubana, a rentabilidade média esperada é semelhante à registrada no Brasil, de 10% sobre o patrimônio líquido. A seguradora abrirá um escritório em Havana e a operação será tocada tanto por executivos brasileiros quanto por funcionários contratados no país. A seguradora também está de olho na possibilidade de operar em países como Panamá e República Dominicana.