A regulamentação do uso de Inteligência Artificial no setor da saúde vem sendo discutida com mais frequência nos últimos anos em todo o mundo, ainda com muita cautela por parte de empresas e entidades do setor devido à sensibilidade dos dados coletados e tratados pelas ferramentas – o que muitas vezes pode barrar sua rápida evolução, em comparação a outras áreas de desenvolvimento. O Brasil acompanha essas discussões, a exemplo do Projeto de Lei da IA (2.338/23), em discussão no Senado, e o assunto vem sendo tratado com prioridade também no Grupo Care Plus, que criou recentemente a área de Privacidade & Governança em IA, um movimento pioneiro entre empresas do setor de seguros e planos de saúde.
“Já observamos o crescimento do uso de inteligência artificial para diagnóstico, pesquisas clínicas e outras funções que necessitam de informações precisas na saúde”, explica Roberto Miller, gerente-executivo Jurídico e Encarregado de Dados da Care Plus. “Queremos avaliar os riscos atrelados ao uso de inteligência artificial para geração de dados e estabelecer processos que garantam a segurança, a ética e a privacidade de nossos beneficiários e colaboradores”, ressalta.
A criação da área ocorre em antecipação ao cenário da IA na saúde no Brasil e em linha com a aprovação da regulamentação europeia recentemente. Como parte da Bupa desde 2016, a Care Plus segue as diretrizes do grupo britânico e atua em conformidade com o alto nível de governança exigido pela matriz à qual se reporta. “Estamos estruturando a área desde o ano passado e analisamos, atualmente, nove tipos de inteligências artificiais no dia a dia da operadora”, aponta Miller. As ferramentas sob o olhar da área atendem às demandas que vão desde a regulação de sinistro e combate às fraudes, até o diagnóstico nas unidades clínicas do Grupo Care Plus.
A área, composta por profissionais de setores estratégicos, como advogados e de segurança da informação, que se dedicam a analisar os projetos desde a concepção (IA by Design), garantindo as melhores práticas. Nele, cada ferramenta é avaliada a partir de um cronograma independente, com análises de acordo com a demanda. “Não avaliamos a tecnologia em si, mas a etapa anterior, de estabelecimento e aprovação de regras para a sua utilização adequada”, reforça Roberto Miller.
Roberto Miller afirma que uma das preocupações da Care Plus é que a IA na saúde seja considerada de risco e crie controles excessivamente mais rígidos para o setor. “É preciso considerarmos a função social dessas ferramentas na saúde e discuti-las com responsabilidade para evitar que determinados mecanismos configurem em barreira à inovação e, consequentemente, ao acesso à saúde”.