Um estudo realizado nos Estados Unidos revelou que a telessaúde é um meio eficaz para a prestação de cuidados paliativos a pacientes com câncer de pulmão avançado, tendo um grande potencial de ampliar o acesso a este tipo de serviço. Conduzida pelo médico Joseph Greer, do Massachusetts General Hospital e da Harvard Medical School, a pesquisa foi divulgada na sessão plenária da Asco Annual Meeting, o principal congresso de oncologia do mundo, em Chicago, nos Estados Unidos.
O estudo comparou o efeito da prestação dos cuidados paliativos de maneira remota versus o atendimento presencial na qualidade de vida de pacientes com a doença avançada, em 22 centros norte-americanos. “Ao longo de cinco anos, os pesquisadores avaliaram os sintomas apresentados por esses indivíduos, comparando os resultados dos cuidados paliativos realizados por meio das duas modalidades”, afirmou o médico Mauro Zukin.
Terminada a pesquisa, verificou-se efeitos equivalentes sobre os pacientes que receberam cuidados paliativos por meio desses dois modelos de atendimento. Os grupos de estudo não diferiram nos sintomas de depressão e ansiedade, no uso de habilidades de enfrentamento ou nas percepções do objetivo do tratamento e cura do câncer.
Estudo
O trabalho conduzido pelo médico Joseph Greer envolveu 1.250 pacientes com câncer pulmão avançado com idade média de 65,5 anos, dos quais 54% mulheres e 82,1% brancos. Os participantes foram designados aleatoriamente para se reunirem com um médico de cuidados paliativos a cada quatro semanas, por meio de vídeo ou no ambulatório. As sessões abordaram sintomas físicos e psicológicos, enfrentamento, compreensão da doença, preferências de cuidados e decisões de tratamento.
Na semana 24, os escores de qualidade de vida dos pacientes foram equivalentes entre os grupos de telessaúde e presencial. A taxa de participação do cuidador no grupo de telessaúde foi de 36,6%, muito abaixo dos 49,7% registrados no grupo presencial. Apesar desta diferença, os efeitos dos cuidados paliativos foram semelhantes nos dois grupos, mostrando o potencial da telessaúde em reduzir a carga sobre os pacientes, os médicos e os recursos de saúde, ao mesmo tempo que se mantém a qualidade dos cuidados.
“O estudo tem sua importância não só porque mostra como a telessaúde pode ampliar o acesso dos cuidados no paciente com câncer de pulmão, mas porque revela como esta modalidade de atendimento pode se estender a pacientes de todos outros tipos de câncer que necessitam de cuidados”, declara Mauro Zukin.