Na última quinta-feira (18), a Anahp realizou uma edição especial do Anahp Ao Vivo, com o tema “Análise econômico-financeira da saúde suplementar” para apresentar a 2ª edição do Balanço Observatório Anahp – publicação trimestral com dados financeiros e operacionais da saúde suplementar. No encontro, o diretor-executivo da Associação, Antônio Britto, recebeu os empreendedores da Arquitetos da Saúde, Adriano Londres e Luiz Feitoza, para analisar os números e traçar um cenário elaborado com base no que está acontecendo e prevendo o que deve vir pela frente.
Britto abriu a discussão destacando os indicadores financeiros do 1º trimestre de 2024, divulgados recentemente pela da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). “Comparados aos anteriores, são significativamente mais positivos. Podemos acreditar nisso como uma tendência e esperar recuperação mais consistente?”, perguntou.
Para Feitoza, trata-se de uma “boa notícia, mas ainda é cedo para comemorar”. “Historicamente, os resultados sempre são bons nos primeiros três meses do ano. Depois, é comum observarmos queda significativa nos ganhos e até prejuízos”, alertou. De fato, ele apresentou dados que mostram o 1º trimestre como responsável por mais de 60% do faturamento de todo o ano em diversas ocasiões. Em alguns casos, esse percentual chegou a ultrapassar os 90%.
Londres concordou com a recomendação de conter o entusiasmo. Para ele, o movimento de alta não está relacionado com fatores que garantem uma evolução sólida. “Entendo que os resultados não estão vinculados a medidas estruturantes. Os avanços serão consistentes apenas quando mexermos na estrutura do setor”, avaliou. E reiterou que é importante lembrar que as operadoras de planos de saúde são “o pulmão de todo sistema”. “Se a operadora vai bem, a vida de quem fornece os serviços também melhora”, resumiu.
Britto, então, questionou se os bons resultados recentes vão impactar positivamente os hospitais – e quando. Para os especialistas, é preciso aguardar para compreender melhor a consistência dessa recuperação, mas indicaram que o sinal é, sim, positivo. “No mínimo, deve distensionar um pouco a relação”, declarou Londres.
Apesar das diversas incertezas, Feitoza considera que algumas tendências estão mais consolidadas. “Observando os dados, é possível prever que os reajustes devem ser menos intensos em 2024”, informou. Ao mesmo tempo, é seguro que os planos individuais ficarão cada vez mais restritos. “Os planos empresariais são pouco mais de 70% no estoque, mas representam mais de 80% na comercialização atual. Então, essa modalidade vai aumentar sua predominância”, garantiu.
Ele ressaltou que, aproximadamente, 5 milhões de clientes utilizam um CNPJ para adquirir um produto empresarial com características familiar, e sugeriu que há a necessidade de criar alternativas para atender a essa população de maneira mais adequada. “Concordo, no entanto, que novos modelos só vão funcionar com maior segurança jurídica. A operadora não vai oferecer um plano com cobertura limitada enquanto houver o risco de judicialização todas as vezes que o beneficiário precisar de procedimentos não previstos”, afirmou.
Nesse sentido, Londres levantou uma das questões que ele considera estruturantes e que devem ser prioridade para a saúde suplementar. “Estamos falhando no acesso. As pessoas já estão comprando produtos que não são planos de saúde e ficando expostas”, advertiu, se referindo a opção como cartão saúde, previdência ou seguros, por exemplo. Britto completou dizendo que o setor de saúde é extremamente técnico e que, muitas vezes, a população tem dificuldade para entender o que está acontecendo. “Mas, muitas vezes também, o técnico é incapaz de compreender o que a população necessita e deseja”, finalizou.