Não é novidade para ninguém que vivemos em um país continental e de grandes discrepâncias, em todos os sentidos. No caso da saúde, a falta de acesso é desde sempre um grande problema, que acaba sendo potencializado por inúmeros fatores. Entre os desafios, estão a falta de infraestrutura, incluindo equipamentos, materiais, tecnologia e conectividade, e a escassez de mão de obra especializada chegando até quem precisa de cuidado e de diagnósticos.
Segundo o último estudo Demografia Médica no Brasil 2023, conduzido pela Faculdade de Medicina da USP e a Associação Médica Brasileira (AMB), o Brasil possui 2,69 profissionais médicos para mil habitantes. Essa média, no entanto, continua abaixo da apresentada por média dos países da OCDE11, que é de 3,7 médicos por mil habitantes.
Regionalmente, duas áreas estão abaixo da média nacional: o Norte, com 1,65, e o Nordeste, com 2,09. O Sudeste, não surpreendentemente, tem a maior densidade médica (3,62), seguido pelo Centro-Oeste (3,28), influenciado especialmente pelo Distrito Federal, e pela região Sul (3,12).
Isso é ainda mais peculiar quando falamos de especialidades. No que diz respeito aos radiologistas, segundo um estudo do Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR) de 2019, cerca de 53,5% dos médicos especialistas estão localizados na região Sudeste, enquanto apenas 3,3% dos mesmos profissionais estão localizados na região Norte do país.
Esse cenário, por sua vez, também tem explicações plausíveis, que vão desde a escassez de recursos e de investimentos, passam pela falta de incentivos que atraem os médicos para essas regiões e chegam à falta de demanda. Afinal, nem sempre o volume de exames diagnósticos realizados em determinados locais justifica a necessidade de manter um radiologista 100% dedicado e disponível em tempo integral. Ou seja, há desafios sucessivos que envolvem as instituições de saúde, tanto públicas, como privadas.
A inovação e a telerradiologia já existem para suprir grande parte desses desafios, potencializando as instituições de saúde para atenderem mais pacientes, aumentarem o volume de exames diagnósticos realizados e ainda manterem um bom nível de qualidade. É com esse propósito que a Med.Place tem investido esforços em pesquisa e desenvolvimento de soluções para encurtar essas barreiras físicas. E isso pode ser feito não só para atender a essas regiões mais afastadas e carentes como também para otimizar a rotina de instituições em grandes centros.
“Surgimos com um propósito muito claro de diminuir esse gap entre a demanda que existe por diagnósticos de qualidade e a disponibilidade de profissionais para executarem isso com maestria. É claro que essa discrepância é mais evidente em regiões ribeirinhas ou remotas. Mas não podemos esquecer das grandes cidades, nas quais um bairro pode estar a dezenas de quilômetros de distância. Nem sempre a demanda justifica a presença de um profissional na unidade um dia inteiro. Ele poderia ser aproveitado, por exemplo, em outra unidade, mas o deslocamento e até o custo que isso envolve acaba inviabilizando. Imagine como seria possível aumentar o acesso e consequentemente a receita com mais exames realizados se um mesmo profissional fosse capaz de laudar simultaneamente nesses dois locais”, contextualiza Jader Antunes, CEO da Med.Place.
Nascida em Porto Alegre, a healthtech vem trabalhando há alguns anos em uma plataforma capaz de auxiliar na solução desses desafios, que aproxima especialistas de elevado nível técnico às instituições de saúde através da telerradiologia.
Isso só foi possível por meio de um time de especialistas na área de desenvolvimento de software e com validação técnica de vários médicos radiologistas, para mediar e aprovar as principais funcionalidades da plataforma.
Mas o aperfeiçoamento da tecnologia não parou por aí. Em 2021, após a junção com a Salux Technology, pertencente ao Grupo Bringel, ganhou não só mais capilaridade e capacidade de atender mais regiões, como também em inovação. As perspectivas são bem otimistas e prometem um desenvolvimento acelerado para os próximos anos.
Além disso, há projetos em andamento de pesquisa e desenvolvimento (P&D) na área de inteligência artificial e um esforço colaborativo para utilizar a plataforma na educação, em especial para residentes de radiologia geral.
“Esses médicos atendem e laudam exames para instituições de saúde sem nenhuma limitação geográfica. Ou seja, a telerradiologia entra como um recurso importante para a gestão do workforce médico, sem depender da presença física de um profissional e, o que é melhor, com a rapidez que nosso segmento pede. Afinal, estamos falando de diagnósticos que salvam vidas”, reforça Antunes.
A plataforma proporciona um ambiente com entrega rápida e assertiva dos laudos, disponibilizando médicos 24h por dia, sete dias por semana. No entanto, o CEO faz questão de ressaltar que a eficiência e a rapidez da alta disponibilidade não significam ineficácia dos diagnósticos e menor assertividade dos laudos. “É condição indispensável para nós. À medida que o nível tecnológico do diagnóstico por imagem aumenta graças ao advento de novos equipamentos, é necessário ocorrer uma atualização tecnológica constante nos sistemas de telerradiologia. Tudo o que pensamos e desenvolvemos aqui na Med.Place contempla esse conjunto de melhorias de extrema importância para a manutenção da qualidade e a assertividade dos laudos” complementa o executivo.
Para que isso tudo funcione na prática, o trabalho da Med.Place vai além da inteligência própria do software no qual a plataforma está baseada. Um grupo de profissionais com formação médica, especialização em radiologia e vasta experiência na área de diagnóstico por imagem em clínicas e hospitais, atua para chancelar essa qualidade. Esse grupo é resultante das avaliações feitas pelas instituições de saúde e também pelo processo de qualidade orgânica da plataforma, onde cada médico avalia a qualidade dos laudos dos demais médicos de forma anônima, criando assim um conceito de ranking de qualidade. Além disso, os médicos que ingressam na plataforma passam por um período no qual seus laudos são avaliados numa densidade maior e, à medida que progridem no ranking, são habilitados a desempenhar a função de avaliadores. Aliás, o processo interno de controle de qualidade da plataforma foi tão bem-sucedido que a Med.Place passou a disponibilizá-lo como serviço para controlar a qualidade de laudos produzidos em outras instituições de saúde.
Os médicos radiologistas da plataforma também atuam em outras importantes ações, tais como adequação do fluxo de laudos na instituição e até mesmo sugerindo testes nos equipamentos sempre que necessário, bem como identificando artefatos na imagem que coloquem em dúvida um diagnóstico correto.
“Esse conjunto de medidas garante que os laudos permaneçam sempre em um alto nível de qualidade, proporcionando um diagnóstico mais assertivo”, diz Antunes.
É importante compreender os benefícios na prática. Um estudo na Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação – REASE avaliou o impacto da implantação do sistema de telerradiologia em clínicas e hospitais, constatando que, com “uma abordagem cuidadosa e estratégica, a telerradiologia pode ser uma ferramenta valiosa para melhorar o acesso e a qualidade dos exames radiológicos em todo o mundo”.
Atualmente, a Med.Place possui cerca de 500 médicos, que atendem a mais de 100 instituições de saúde em todo o Brasil.
Além disso, a empresa conduz iniciativas especiais como o Projeto Amazonas, que envolve elevada complexidade não só de falta de mão-de-obra, como de infraestrutura e de conectividade, promovendo a atenção primária em saúde. Para atender às necessidades, foi necessário criar uma solução utilizando satélites de baixa órbita para manter a produção e o envio dos laudos como uma forma de superar problemas de conectividade. Essa solução vem beneficiando diversas unidades de saúde até agora, com previsão de expansão para o Tocantins e outras regiões do Brasil, uma vez que pode ser usada em qualquer lugar do país, sem restrições de origem técnica.
Além do projeto Amazonas, a Med.Place também faz parte do projeto Carretas, em parceria com a Athos do Brasil. Nesse projeto, equipamentos de mamografia são cuidadosamente transportados e levados para regiões com baixa disponibilidade de equipamentos de imagem. A Med.Place disponibiliza os laudos de mamografia com agilidade, independente de onde estejam as carretas.
“A Med.Place não para de investir em diversas áreas do conhecimento. Tudo isso para atender às demandas das instituições no que diz respeito à geração de laudos, estejam elas onde estiverem, sejam públicas ou privadas, e proporcionando ao paciente a melhor experiência possível. Independentemente dos desafios, temos como propósito colaborar para o desenvolvimento e avanço da radiologia no país e, principalmente, para a melhoria da qualidade de vida da população”, finaliza Antunes.