Um dos temas mais abordados na Hospitalar 2024 foi o uso de inteligência artificial (IA) na saúde. Entre os destaques, o painel "IA como melhoria da Performance operacional hospitalar", que aconteceu na Arena Hub, reuniu especialistas de hospitais de excelência para discutir os impactos e as inovações trazidas pela IA neste setor.
O painel contou com a participação de Rodrigo Gosling, Superintendente de Tecnologia, Inovação e Transformação Digital do A.C.Camargo Cancer Center; Lilian Hoffmann, Diretora Executiva de Tecnologia da BP – A Beneficência Portuguesa; e Ailton Brandão, Diretor de TI (CIO), Dados, Digital e Inovação do Hospital Sírio-Libanês.
Três grandes macrotendências da BP foram apresentadas por Lilian Hoffmann: cibersegurança, experiência do cliente e utilização de dados.
Ela destacou que a sofisticação crescente em cibersegurança é essencial para proteger informações sensíveis. Na experiência do cliente, enfatizou a melhoria dos processos de acesso e check-in dos pacientes, facilitando a interação com os serviços hospitalares. Em relação aos dados, Lilian afirmou que um olhar mais atento ao armazenamento e análise em tempo real é fundamental para acompanhar as informações enquanto elas são disponibilizadas. Atualmente, a BP está na fase de experimentação com IA, focando especialmente na logística hospitalar.
Além disso, a instituição iniciou um estudo conceitual sobre IA, estabelecendo o Centro de Operações de IA (COI) para explorar todos os aspectos relevantes. Há também uma colaboração com a Cesar School para capacitar profissionais em IA e parcerias com Microsoft e Google para desenvolver ferramentas de produtividade.
Rodrigo Gosling destacou a intensa experimentação com IA no A.C. Camargo, enfatizando que o corpo clínico lidera as discussões e colabora ativamente com a equipe de tecnologia, o que torna a implementação dessas inovações mais eficaz.
“Ter o corpo clínico engajado e trazer eles para a conversa faz com que tenhamos mais facilidade de interpretar os resultados e pesquisa. É uma questão cultural, lá no A.C. Camargo somos todos incentivados a participar”, disse o Superintendente.
Ailton Brandão, por sua vez, sublinhou a importância da engenharia de dados e governança, destacando que a coleta e o uso adequado dos dados são cruciais para qualquer avanço tecnológico. Ele mencionou que gestores do Hospital Sírio-Libanês participaram de sessões de treinamento de 16 horas para entender melhor as aplicações da IA, como o ChatGPT.
Outro ponto destacado pelo especialista, foi a necessidade de um método rigoroso para avaliar a eficácia dos algoritmos. Ele mencionou que, no Sírio-Libanês, estão sendo desenvolvidos três algoritmos de machine learning, incluindo o "Caregaps", que analisa prontuários médicos para identificar pacientes que precisam de tratamentos, mas não estão recebendo.
O Diretor ainda expressou otimismo quanto ao futuro da IA na medicina, afirmando que inteligência artificial é uma revolução tecnológica que veio para ficar e que, no futuro, nenhum médico trabalhará sem o auxílio dessas ferramentas.
Apesar dos desafios e do estágio inicial de algumas tecnologias, a IA tem o potencial de transformar profundamente a gestão hospitalar, tornando-se uma aliada indispensável para médicos e gestores na busca por uma saúde mais eficiente e acessível.