Para falar sobre as dificuldades de modernização doa Infraestrutura de um hospital em funcionamento, o Simpósio de Infraestrutura, realizado na Hospitalar 2024, convidou Anfilófio Rodrigues - gerente de Eficiência Operacional e Meio Ambiente do Hospital Israelita Albert Einstein, Coordenador de pós-graduação no Einstein, especialista em descarbonização. Ele abriu a programação da parte da tarde explicando sobre os desafios internos e externos para a implementação do projeto de Modernização da Central de Ar-Condicionado (CAG) do hospital.
Rodrigues iniciou contextualizando sobre os ambientes externos, nos quais vivemos emergências ambientais, como, por exemplo, desertificação no Nordeste do Brasil ou até mesmo as recentes chuvas que assolaram a população do Rio Grande do Sul.
As questões climáticas são alguns dos desafios que enfrentamos e impactam nos ambientes hospitalares em diversos níveis: desde as questões de ESG - definidas por Rodrigues como “ASG”, governança, pessoas e ambiental -, passando pelo compromisso com Objetivo de Desenvolvimento Sustentável da ONU até chegar aos desafios de carga térmica, afinal, com o aumento das temperaturas ao longo dos últimos anos, as temperaturas em ar-condicionado também precisam ser ajustadas. Diante deste contexto, uma oportunidade de melhoria foi identificada, a Central de Ar-Condicionado do Einstein, na unidade Morumbi.
Panagiotis Lazaridis, CEO da LZA Engenharia e Gerenciamento, fez parte deste projeto e contou em detalhes o passo a passo durante a programação do Simpósio. Originalmente, a concepção do projeto foi iniciada em 2019, momento em que o Hospital contratou um estudo de viabilidade e realizou análises de CAPEX e OPEX para atender ao projeto atendendo aos requisitos de ESG. Porém, com a chegada da COVID-19, o projeto foi pausado e retomado apenas em 2021.
Com o desafio de eliminar o alto consumo de água e modernizar os equipamentos, sem que as operações no hospital fossem pausadas, diversas tecnologias como, scanner 3D, foram utilizadas para mapear a área e identificar qual a melhor escolha de equipamentos. Por meio de uma matriz de escolha, com o objetivo de equilibrar as necessidades do escopo, considerando também tempo e custos, a equipe realizou as avaliações em busca dos resultados que trariam equilíbrio entre estes três itens.
Neste cenário, com auxílio de um software de simulação energética, foram avaliados Chillers (um tipo de ar-condicionado industrial, que possui alta capacidade de refrigeração em curtos períodos), em 3 contextos: 100% parafuso inverter, 100% compressor de mancal magnético e 50% parafuso inverter e 50% mancal magnético. A solução mista apresentou melhores resultados e mais eficiência.
No entanto, ainda que com resultados positivos, o CEO da LZA explicou sobre a necessidade de acompanhamento e planos de contingência: “precisamos sempre conferir os resultados e pensar em alternativas caso o plano inicial não dê certo. Se isso não funcionar, o que vamos fazer?”.
Por isso, Lazaridis contou sobre o desenvolvimento de um Dashboard Ativo, no qual é possível ter um controle de indicadores ativos como, curva S, fluxo financeiro, gestão de escopo e andamento de tarefas, possibilitando análises em tempo real da operação, além de facilitar o processo de tomada de decisões diante do cenário dos possíveis riscos.
Marcelo Penteado, gerente de manutenção de Missão Crítica do Einstein, também fez parte da palestra e complementou apresentando os resultados. O especialista explicou a grande operação para instalar os Chillers na cobertura do prédio, contando com quatro diferentes momentos de operação de içamentos, além de mais de 10 tipos de teste para garantir que tudo funcionasse de maneira correta. “Fazer essa operação com o hospital em funcionamento era como trocar as turbinas de um avião que estivesse ar”, explicou Penteado.
Com sucesso de implementação, o Hospital passou a evitar o consumo de 2.000 MWh por ano, correspondendo a uma redução de energia elétrica de 13%. Somado a isso, houve uma redução no consumo de água que corresponde a 100%, além da redução da emissão de carbono em 13% ao ano. Todos esses números colaboraram com uma economia anual da ordem de R$2.500.000,00 reais.
Penteado reforçou a importância de ter domínio dos indicadores dos projetos para bons resultados: “para evoluir, é preciso dominar os indicadores, não adianta fazer projeto sem dados”, e, completa com uma dica para os profissionais de gestão que querem implementar projetos assim em suas empresas “fazer visitas e conversas com empresas que já usam esses sistemas é muito importante. Nós visitamos em diversas cidades e já sabíamos sobre os sistemas que funcionavam através dessas experiências”, finalizou.
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