“A Inteligência Artificial já está na área da saúde, e estamos vendo apenas o começo”. Carten Engel, CEO da ISQua (International Society for Quality in Health Care), abriu as palestras do Congresso Internacional de Serviços de Saúde (CISS) destacando aplicações (e limitações) da IA.
Por sinal, a Inteligência Artificial permeia muitos dos temas apresentados no CISS e em mais congressos e arenas de conteúdo da Hospitalar 2024.
Nesta quarta-feira, 22 de maio, os congressistas puderam acompanhar o primeiro dia do CISS, que começou com dois talks sobre A transformação digital e seus impactos na Acreditação e nos Serviços de Saúde.
Confira a seguir o que os especialistas destacaram sobre a IA na saúde.
Representando a ISQua, Engel compartilhou com os congressistas um panorama geral da Inteligência Artificial, e especificamente a chamada IA Generativa. O especialista comentou, como destacado na abertura deste texto, que a IA é uma realidade, mas as ferramentas mais utilizadas (ex. ChatGPT) não foram desenhadas para o health care.
Ainda assim, as ferramentas de IA tem usos operacionais como tradução, resumo de textos, melhoria e enriquecimento de textos, e ainda para responder questões - de médicos e de pacientes.
A regulamentação e a acreditação entram em cena justamente para garantir que as orientações clínicas partam de regulamentações e das sociedades profissionais de cada área de saúde.
Reguladores cobrem os aspectos legais e de transparência, enquanto os acreditores tratam da implementação de padrões de segurança e de qualidade para a Inteligência Artificial.
Órgãos, nacionais e internacionais, de acreditação devem se preocupar com as questões de segurança e com os reais benefícios da IA para os pacientes. Paralelamente, devem estabelecer processos de treinamento, atualização e de privacidade digital, muito ligada à segurança dos dados.
Engel entrou em detalhes sobre orientações do ISQua para que um hospital faça sua definição de um digital health governance mechanism, ou mecanismo de governança da saúde digital.
Concluindo, Engel afirmou que “a acreditação pode ajudar a construir confiança no serviço para usuários e para colaboradores”.
Estratégias de controle de sinistralidade e fraudes usando Inteligência Artificial
Na sequência, e ainda sob o guarda-chuva da transformação digital, o público pode acompanhar a apresentação do Dr. Helton Freitas, presidente da Seguros Unimed e diretor-geral da Faculdade Unimed.
Freitas compartilhou informações sobre o Unimetrics, um hub de ferramentas que apoiam os Seguros Unimed. Entre outras soluções, ali estão sistemas de analytics de pacientes, de prestadores, de procedimentos e de clientes. “Hoje, a necessidade de análise de dados é continuada para a saúde suplementar brasileira”, enfatizou.
Assim, o Unimetrics é definido como “ferramenta de análise de dados de saúde que trabalha com algoritmos avançados e inteligência artificial para apoiar a gestão da sinistralidade e do percurso assistencial”, fornecendo análises comparativas, retrospectivas e preditivas.
Só assim, através dos dados e da aplicação eficiente da IA para monitorá-los, é possível atingir a sustentabilidade no setor de saúde suplementar, que para Freitas é o balanço entre precificação, aceitação e gestão de sinistro.
O Congresso Internacional de Serviços de Saúde (CISS) é um dos eventos de conteúdo realizados na Feira Hospitalar, e presente desde sua primeira edição em 1994.
Com curadoria de Fábio Gastal, diretor acadêmico na Faculdade Unimed, a temática do congresso neste ano é O Impacto Prático Assistencial e Estratégico das tecnologias nos Sistemas de Saúde Nacionais e Globais.
"Através do apoio da ONA e da ISQua tivemos a possibilidade de obter as contribuições de uma visão global e de como os países estão buscando encarar tais tecnologias e impactos nos sistemas de regulação e avaliação do desempenho dos serviços de saúde", destacou Gastal.
Palestrantes nacionais e internacionais foram convidados para compartilhar conhecimento indispensável para o desenvolvimento das lideranças e das organizações de saúde.
No primeiro dia, a programação ainda cobriu:
- A experiência espanhola com IA aplicada ao diagnóstico e as imagens médicas
- Gestão de equipes de saúde com inovação baseada em relacionamento
- O impacto da IA na liderança e no serviço de diagnóstico
- Atrys - Experiências em Oncologia avançada: um modelo possível
- "Axiomas da Vida" e o Impacto da Inteligência Artificial no Futuro das Profissões
Já amanhã, quinta-feira, segundo e último dia do CISS, os congressistas podem conferir:
- Aplicações clínicas e assistenciais da IA Generativa
- Acreditação como uma das estratégias para estabelecer padrões e melhores práticas focadas na segurança de dados clínicos e operacionais
- Educação médica e tecnologias digitais
- ESG - meio-ambiente, responsabilidade social e governança para diferentes perfis de organizações