A gestão eficaz da cadeia de suprimentos no setor farmacêutico é essencial para garantir a entrega de medicamentos de forma segura e pontual à população e, consequentemente, a qualidade da saúde oferecida às pessoas. Da produção até a dispensação ao paciente, cada etapa deve ser coordenada para garantir o padrão, a integridade e a disponibilidade desses produtos. Com o avanço das tecnologias e a análise de dados, essa jornada pode tornar-se mais ágil e sustentável. Além disso, as inovações podem contribuir para a redução de custos, permitindo uma gestão mais eficiente e econômica.
Tais tecnologias permitem, por exemplo, um controle rigoroso sobre a movimentação dos medicamentos, assegurando, não só a chegada sem atrasos ao destino, mas a sua integridade durante todo o processo. Já a análise de dados aplicada em grande escala pode prever tendências de consumo e ajustar os níveis de estoque das empresas de forma proativa, evitando tanto a escassez quanto o excesso de produtos guardados.
Projetos nessa direção podem levar a uma diminuição de até 25% do tempo médio em que os produtos ficam no estoque, reduzindo custos associados ao armazenamento excessivo ou à obsolescência. Além disso, é possível obter a redução de mais de 50% da ruptura de produtos, ou seja, do número de vezes em que um medicamento está indisponível quando demandado por clientes.
Outro ganho atingido no trabalho envolvendo gestão e tecnologia foi a queda de descartes de produtos, em até 46%. Isso significa uma diminuição de quase metade dos custos associados a medicamentos que foram para o lixo devido a prazos de validade expirados, redução da vida útil ou danos, por exemplo.
Mas alcançar tais números não é tarefa simples. Entender todo o processo é essencial. Durante toda essa cadeia logística, diversos indicadores precisam ser considerados pelas organizações, como o nível de serviço ao cliente, o índice de rotatividade de estoque, a taxa de pedidos atendidos dentro do prazo, os custos logísticos e a taxa de devolução de produtos. Por conta da complexidade dos fatores, barreiras podem ser encontradas.
Dentro desse cenário, as empresas enfrentam diversos desafios com a cadeia logística de suprimentos: regulamentações rigorosas, controle de qualidade, gerenciamento de custos sem perder os padrões de qualidade e segurança, capacidade de rastrear os medicamentos desde a fabricação até a entrega final ao paciente, gestão da demanda de forma precisa para evitar excesso ou falta de estoque, preparo para lidar com emergências e crises, além da integração de inovações tecnológicas.
A tecnologia, aliás, desempenha um papel fundamental na gestão eficiente da cadeia de suprimentos, oferecendo diversas aplicações. Isso inclui o uso de sistemas avançados de gestão de estoque e rastreamento, como códigos de barras, IoT (Internet das Coisas) e identificação por radiofrequência (RFID), para um acompanhamento do inventário em tempo real. Tal ferramenta já faz parte da rotina de quase metade (42%) das empresas, de acordo com uma pesquisa realizada em 2022 pelo Instituto de Logística (Ilos).
Por sua vez, a análise de dados e algoritmos de previsão ajudam na antecipação da demanda por medicamentos, melhorando o planejamento da produção e a distribuição. A automação dos processos de coleta de itens em centros de distribuição e embalagem aumenta a eficiência e reduz erros. A tecnologia blockchain pode ser aplicada para garantir rastreabilidade e autenticidade dos medicamentos, combatendo a falsificação e reforçando a segurança na correta dispensação dos produtos.
Tais estratégias, quando bem aplicadas, garantem que os medicamentos certos estejam disponíveis no momento e local adequados, melhorando o acesso dos pacientes aos tratamentos necessários. Além disso, podem ajudar a reduzir os custos associados ao transporte, armazenamento, manuseio de estoque e desperdício, bem como os tempos de ciclo, melhorando a precisão do inventário e aumentando a produtividade.
Uma gestão adequada da cadeia de suprimentos pode ainda garantir a integridade dos medicamentos, desde a fabricação até a entrega final ao paciente, reduzindo os riscos de adulteração, contaminação, uso inadequado ou danos durante o transporte e o armazenamento. Dessa forma, a governança soberana de todo esse processo é fundamental para o cumprimento do propósito de melhorar a saúde da população.