EXCLUSIVO: CPI da Máfia das Próteses inspira instalação da CPI da Saúde no DF
24/07/2015

Vejam esta carta anônima endereçada aos membros da CPI da Máfia das Próteses. A denúncia revela um esquema violento de troca de vantagens entre médicos, hospitais e fabricantes. No DF, a Câmara Legislativa se prepara para abrir a CPI da Saúde. O deputado Rodrigo Delmasso já tem em mãos farto material para que seja investigado. Confira a carta abaixo e veja que a corrupção passou dos limites mesmo.

Brasília-DF, 10 de junho de 2015.

À CPI DA MÁFIA DAS PRÓTESES

AO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
À POLÍCIA FEDERAL

Prezados Senhores,

Fui representante do seguimento de Órteses e Próteses por mais de 12 anos, trabalhei e presenciei as mais diversas situações desse mercado tão agressivo e carniceiro. Acompanhei nesse período mais de 700 cirurgias, desde uma simples artroscopia de joelho a uma revisão da prótese. Fui negociador, fui vendedor, fui instrumentador e o pior de tudo, MULA – pois o que fazia de mais importante era carregar importância em dinheiro para o médico. Com minha experiência, posso dizer que o médico é um ser humano sem alma, escrúpulo e ética; cujo único objetivo é tirar proveito de todos os pacientes, seja ela numa simples consulta ou numa cirurgia de alta complexidade.
O médico avalia diariamente quem são os pacientes que estão na sua sala de espera, classificando-os de acordo com o convênio e poder aquisitivo, ou seja, separando e dando prioridade aos possíveis pacientes mais lucrativos. Estive presente em diversas ocasiões onde o médico colocou paciente no fim da fila por ser conveniado da Geap (considerado de baixa lucratividade), pois no consultório aguardava paciente de Tribunal (de maior rentabilidade). O que eles podem tirar, nas questões mais simples, eles não têm medo de cobrar ou extorquir. Às vezes o convênio paga uma consulta de R$ 100,00, e eles ainda falas para o paciente que recebe muito pouco para acompanhá-lo com maior dedicação, induzindo o paciente a pagar uma consulta particular. Essa manobra eu presenciei em vários e vários casos.
Quando um médico pede exames específicos como tomografias, ressonâncias, eletroneuromiografia, ele já tem acordo com todos os laboratórios e ganha por quantidade de exames encaminhados, isso é uma máfia, uma quadrilha da pior espécie possível – é a classe Médica de Ortopedia e Neurocirurgia. Aliás, de toda a área médica – para confirmar basta investigar.
O médico nesse mercado é tão mercenário, tão mesquinho, que costuma convidar representantes comerciais para almoçar quando deseja comer em um restaurante de alto nível e tomar um bom vinho, sem ter que pagar a conta. Agem da mesma forma para ir aos congressos, escolhem os melhores hotéis e ficam em quartos privilegiados para seu melhor conforto, em muitas viagens os médicos vão com esposa, filhos e ainda a babá, e quando qualquer representante se nega a pagar a retaliação é por completo, pode acreditar. Outro fator fundamental e obscuro, quando a mulher não está presente, muitos têm amantes e prostitutas para lhe acompanhar nesse luxo adquirido, fruto de extorsão (não é acordo de cavalheiros, é EXTORSÃO, mediante ameaça).
Eu poderia muito bem estar aqui acabando com os empresários do seguimento, os distribuidores, sabendo que muitos não são anjos, mas, de todas as irregularidades, o médico se torna o maior vilão, pois, são eles, que conduzem todas as ações, manipulando pacientes, desfalcando planos de saúde e extorquindo os distribuidores de produtos médico-hospitalares.
Eu tenho muitos colegas no seguimento que tiveram crise de estresse, ao ponto de fazer tratamento com psiquiatras e psicólogos, resultado da pressão que os médicos fazem em suas cabeças para levar dinheiro, valorizar cirurgias mais altas sem ter condição, gritos no centro cirúrgico, humilhação, pressão psicológica. São obrigados a ouvir dos médicos que são eles que pagam seus salários e uma série de outros fatores que envolvem as cirurgias para tirar algum proveito da situação.
Atualmente em Brasília quem dita as regras do jogo de quanto, como e quando vai ser a cirurgia é o médico. De acordo com o paciente, ele determina quanto é para o representante cobrar por determinada cirurgia no DF, ele entra em contato com vendedor e dita as regras. Por exemplo, para o paciente X, você vai cobrar acima de R$ 60.000,00 mil, dessa forma ele já determina o quanto quer receber pelo procedimento, de 20 a 30% por cirurgia, e ainda fala que se alguém entrar em sua cotação vai tomar as devidas providências com quem atravessou o procedimento. Causa com isso um tremendo desconforto entre empresas distribuidoras e convênios, pois o médico não aceita nada seja feito diferente do que exigido por ele. Às vezes por aquela cirurgia de R$ 60.000,00 a empresa poderia negociar em torno de R$ 40.000,00, mas, devido o médico já ter feito suas imposições, a empresa baixa a cabeça e segue as regras impostas pelo ele. Em Brasília existem médicos que são conhecidos como vilões de mercado, fiquei com eles mais de 03 anos em atendimento. Cito o Dr.Gilmar Saad (Hosp. Home), um homem sistemático, complicado, arrogante e intragável, um dos mais perigosos no seguimento, que espera a empresa trazer o valor de sua propina no vestiário ou logo após a cirurgia. É exigente, grita com vendedores, pede muito dinheiro antecipado, ostenta muito com carros de luxo, mansões, coleções de Rolex e festas no Lago (bairro nobre de Brasília). Esse é o Rei do Seguimento. Outro médico muito próximo a ele é Paulo Saide Franco (Médico Santa Lúcia), um médico sem quaisquer escrúpulos, responsável por um conjunto de erros médicos. Mesmo depois das reportagens do programa Fantástico, disse em bom to (no corredor do hospital) que está “cagando e andando” para tudo isso. Palavras dele: “eu quero é dinheiro, quero o que me for de direito”; esse tem até um filho que é advogado que entra na justiça em alguns casos a favor do pai. Disse, ainda, que as investigações não dão em nada para os médicos e, que tinham que ficar esperto, eram os donos de empresa.
Há em Brasília um médico conhecido por ser o Rei da Liminar, onde grande parte dos seus pacientes são instruídos a sair do consultório e entrar com liminar contra o convênio. Essa prática é em benefício próprio, pois ele sempre foi dono das empresas que forneciam material médico-hospitalar para as suas próprias cirurgias, isso já acontece há mais de 8 anos. A sua primeira empresa foi Tecnomedi e agora abriu uma empresa chamada SOS MEDICAL. Esse médico redige suas próprias liminares, pois ele também é advogado; todos os seus processos são superfaturados com valores fora da normalidade, essas cirurgias de coluna realizadas pelo Dr. Johnny Wesley Gonçalves Martins são astronômicas, que apenas pelo Convênio Amil, que eu presenciei, foram mais de 28 liminares, todas com valores acima de R$ 100.000,00 cada. A justifica sempre é a mesma, que o material que ele trabalha é o mais indicado, o melhor, que nenhum outro produto o atende. Dessa forma é inviável o plano de saúde vetar o procedimento. Esse é um dos únicos na cidade que nunca trabalhou com qualquer outra empresa do mercado, a não se a dele mesmo. Médico mau caráter, sem escrúpulos, vigarista e, ainda, afirma que tem todas as prerrogativas que a lei lhe dá para fazer tais negociatas.
Uma empresa que vive desse tipo de operação dentro da Secretaria de Saúde e atende a um grupo específico em Brasília, e os mesmo fazem a atividade tanto na rede particular como na rede pública é a Brasmedica , todos os seus casos são direcionados pelos médicos e conduzidos a entrar com liminar junto a rede pública para conseguir cotar um material específico deles na linha de prótese da marca Zimmer, uma das grandes marcas deste mercado. As próteses dessa empresa, quando vêm na solicitação da liminar, sempre vêm com especificação Prótese com Tântalo, produto este de exclusividade dessa marca tão conhecida no mercado mundial. Só levantar os processos de judicializações da Secretaria, 80% das próteses vêm com as especificações dessa empresa, que tem atuação muito forte junto aos médicos da rede pública e à equipe de médicos da OrtoSul, localizada no Setor Hospitalar Sul de Brasília, os Ferrer e a equipe de João Eduardo Siminonato, uma equipe de milionários que fizeram sua fortuna em cima disso.
Um dos crimes esdrúxulos neste mercado é dos hospitais que também são donos de empresas distribuidoras de produtos médicos. A empresa Medicato, que distribui produtos da marca Johnson & Johson, pertence ao filho do dono dos Hospitais da Rede Santa Lúcia, Santa Helena, Prontonorte e Maria AuxCPI

 





Obrigado por comentar!
Erro!
Contato
+55 11 5561-6553
Av. Rouxinol, 84, cj. 92
Indianópolis - São Paulo/SP