Evolução da cirurgia robótica e seu impacto na saúde brasileira
19/03/2024

cirurgia robótica, iniciada há cerca de 15 anos no Brasil e regulamentada pelo CFM (Conselho Federal de Medicina) em 2022, está crescendo de maneira significativa no país. Em cinco anos (2018 a 2023), o número de aparelhos saltou de 51 para 111, enquanto o número de procedimentos passou de 17 mil para 88 mil. O crescente avanço da tecnologia, além de incentivar instituições a adquirirem robôs, está estimulando os cirurgiões a se capacitarem para este tipo de técnica.

Campinas, a primeira cidade do interior de São Paulo a realizar cirurgias robóticas em 2018, ganhou mais dois robôs no ano passado e agora conta com três hospitais disponibilizando a tecnologia. “Este é o futuro da cirurgia como um todo. Embora ainda seja restrita a serviços privados, com o tempo, a cirurgia robótica deve ficar mais acessível, a exemplo do que aconteceu com a videolaparoscopia”, avalia Prof. Dr. Bruno Pereira, cirurgião do aparelho digestivo e oncológicas.
 

Segundo ele, a cirurgia robótica possui diversas vantagens em relação à cirurgia feita por videolaparoscopia, aquela realizada por meio de pequenas incisões, com auxílio de uma câmera, sem a necessidade de grandes cortes.

“A cirurgia robótica se assemelha à cirurgia videolaparoscópica em sua essência, contudo tem se mostrado mais segura, mais detalhada, com menor risco de infecção e oferece uma recuperação melhor, já que o paciente tem menos dor no pós-cirúrgico. No caso das cirurgias oncológicas do aparelho digestivo, há, ainda, o benefício da retirada dos tumores em microdetalhes. Para a urologia, é também muito vantajosa, por exemplo, para cirurgia de próstata, em que a inervação é poupada, diminuindo as chances de impotência no pós-operatório”, explica o médico.

Pereira é o primeiro médico do Grupo Surgical, que atua em cirurgias eletivas, de urgência e emergência de diversos hospitais de Campinas e região, a terminar a capacitação para cirurgia robótica. “Para realizar a cirurgia robótica, é necessário fazer um treinamento complexo. Temos teoria, aulas práticas com simulador e cirurgias monitoradas até estarmos prontos para operar o robô sozinhos”, comenta o cirurgião, que já realizou seus primeiros procedimentos em Campinas, no Hospital São Luiz.

Além dele, que é CEO o Grupo, outros três cirurgiões da equipe – composta por 16 profissionais de diversas especialidades – já estão fazendo a capacitação. “Nosso objetivo é que, em pouco tempo, toda a equipe esteja treinada para realizar cirurgias robóticas”, destaca.

Diferentemente do que algumas pessoas pensam, o robô não faz nada sozinho. Todos os seus movimentos são realizados sob comando do cirurgião, que é auxiliado por outro cirurgião que fica em sala ao lado do paciente. “Se o cirurgião faz tudo, por que então essa tecnologia é tão vantajosa? Porque ela permite que nós, médicos, possamos movimentar os braços do robô em 360°, ampliando a visibilidade e os movimentos feitos pelo pulso humano. Outro ponto importante é que o robô proporciona maior estabilidade à nossa mão, removendo pequenos tremores. Para cirurgias de alta complexidade, este é um grande diferencial”, finaliza.





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