Custo médio com internações hospitalares dá salto de R$ 4 mil em três anos
21/02/2024

Pesquisa realizada pela UNIDAS - União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde  mostra que o custo com internações segue sendo o principal gasto assistencial e que os valores médios gastos com uma internação aumentaram de R$ 6.455 em 2019 para R$ 10.153. A principal causa de internações são doenças do sistema circulatório, responsável por cerca de 10% do total de hospitalizações no período analisado. Participaram da pesquisa 46 operadoras associadas à UNIDAS, que representam 2.530.753 milhões de vidas. Os transtornos mentais e comportamentais, que no auge da pandemia representavam 9% das internações hospitalares, caíram para 6%.

As despesas com internações apresentam um aumento significativo de acordo com a faixa etária dos pacientes. Para se ter um paralelo, na faixa acima de 60 anos, o custo médio com uma hospitalização é mais que o dobro do que entre pessoas de 24 a 28 anos. “Sabemos que os idosos demandam um cuidado maior. Como temos dentro das autogestões uma realidade etária que o Brasil terá em 2050, fica o alerta para o sistema de saúde como um todo: os custos com internações irão onerar de maneira significativa os sistemas de saúde público e privado na próxima década”, explica Anderson Mendes, presidente da UNIDAS.
 

Outro ponto que chama atenção é o aumento no custo médio das consultas que, na região sudeste, cresceu 14% (maior aumento no país). Já o valor médio dos exames teve o maior reajuste na região Centro Oeste (4,17%). Ao mesmo tempo, o custo médio com internação domiciliar baixou R$ 10 mil em quatro anos, enquanto a hospitalar aumentou quase R$ 10mil, ultrapassando os R$ 24.252 de 2021, auge da pandemia.
 

Além disso, as medidas de distanciamento social adotadas no início da pandemia influenciaram a redução de atendimentos menos urgentes, concentrando a demanda por serviços de saúde em casos mais complexos. Com isso, foi registrado um crescimento substancial na taxa de exames em 2021 (7,25 por consulta) e uma ligeira queda em 2022 (6,68 por consulta). Esse número mostra que em 2021 tivemos um aumento no volume de exames pedidos, muito possivelmente por represamento de diagnósticos não realizados em 2020. Em 2022, a média aponta uma volta aos patamares normais, após o efeito Covid-19. 

As variações observadas em relação à faixa etária demonstraram que os beneficiários com mais de 59 anos tiveram a média mais alta de consultas e exames, enquanto os mais jovens tendem a realizar menos consultas e exames em média. “Daí a importância de aprender a cuidar deles para que sejam idosos saudáveis. Esse desafio de manter a sustentabilidade e a acessibilidade nas autogestões, em breve, será uma dor de todo mercado de saúde suplementar”, complementa Mendes. Com relação aos atendimentos de internação, a evolução do indicador da taxa de internação demonstra uma influência substancial da pandemia de COVID-19 em seus resultados.

Perfil dos beneficiários

A população brasileira está ficando mais velha. Segundo dados que o IBGE divulgou, do Censo de 2022, ano passado, Brasil teve o maior salto de envelhecimento entre censos desde 1940. Em 2010, a cada 30,7 idosos, o país tinha 100 jovens de até 14 anos. Agora, são 55 idosos para cada 100 jovens. Essa mudança também se reflete na saúde suplementar como um todo, mas de maneira ainda mais aguda nas autogestões. O índice de envelhecimento (que calcula a proporção entre beneficiários com mais de 80 anos comparados aos com menos de 14), atingiu o patamar histórico de 304,13 nas operadoras de autogestão com até 20 mil vidas. Ou seja, para cada beneficiário com menos de 14 anos, temos 3 com mais de 80, o que traz um desequilíbrio gigante. Nas autogestões com mais de 100 mil vidas, o número também é alto, mas está na faixa de 146,46. “As operadoras menores cumprem um papel fundamental porque, muitas vezes, estão localizadas em regiões que o mercado não está. Mas, claro que elas sofrem com os impactos mais rapidamente quando comparadas as maiores, que têm mais elasticidade”, explica Mendes.

As autogestões também concentram a maior parte dos idosos que estão na Saúde Suplementar. Enquanto a média do setor é de 15,34%, entre as participantes da pesquisa, pessoas com 59 anos ou mais são 28,5% da carteira. “Com menos receita e mais custos, a sinistralidade continuará aumentando, mesmo porque, a operadora permanecerá, em sua maioria, com uma cartela de cliente mais dependente do sistema, que precisa de cuidados e que apresenta determinados atributos de risco que aumentam a chance de utilização da cobertura contratado”, diz Anderson Mendes. Nas autogestões, em 2022, o índice de sinistralidade atingiu 94%, ultrapassando o patamar histórico de 92% em 2019. Isso significa que, de cada R$ 100 recebidos pela operadora de saúde, R$ 94 são gastos com pagamentos de despesas médicas e assistenciais.

Perfil das operadoras de autogestão

A análise dos dados revela que a maioria das operadoras pertence ao grupo de pequeno porte, representando 51,2% do total. No entanto, esse grande número de operadoras de pequeno porte contrasta com sua representatividade em número de beneficiários, que corresponde a apenas 7,8% do total desta pesquisa. Em contrapartida, as operadoras de grande porte, embora representem apenas 12,2% do total de operadoras, abrangem significativos 66,6% dos beneficiários. Quanto ao tipo de plano, os planos regulamentados predominam, com destaque para os planos coletivos empresariais e de cobertura nacional.

Em dezembro de 2022, os segmentos de “Ambulatorial + Hospitalar com Obstetrícia + Odontológico” e “Ambulatorial + Hospitalar com Obstetrícia” representaram a maior parte dos beneficiários, totalizando 51,3% e 44,4%, respectivamente. Isso sugere que as operadoras têm oferecido planos abrangentes que oferecem amplas opções de assistência. É importante notar que a grande maioria dos beneficiários está inscrita em planos com coparticipação, abrangendo aproximadamente 90% dos beneficiários. Isso pode indicar uma estratégia das operadoras para oferecer opções mais acessíveis aos seus clientes, com mecanismos de moderação de uso, embora seja fundamental acompanhar o impacto dessa coparticipação na acessibilidade aos serviços de saúde.
 





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