Intermédica avalia fazer aquisições
16/07/2015

Vendida há um ano e quatro meses para a gestora americana de private equity Bain Capital por quase R$ 2 bilhões, a operadora Intermédica será a plataforma de crescimento dos investidores americanos no Brasil no setor de saúde. "Vamos crescer por meio de expansão orgânica e aquisições que podem ser clínicas, hospitais, laboratórios ou outros negócios complementares", diz Irlau Machado, presidente da Notre Dame Intermédica.

Machado conta que criou a estratégia da Intermédica a quatro mãos com a Bain Capital, que tem vários outros negócios ligados à saúde nos Estados Unidos e na Ásia. Ao contrário do que ocorreu com a Amil, adquirida pela americana UnitedHealth, que optou por um processo gradual de mudanças, a Intermédica tem em curso uma forte reestruturação que envolve desde integração dos negócios e investimentos na rede própria até a mudança de sede, que agora abriga num só prédio seus 7 mil funcionários.

Em março, o grupo concluiu uma mudança em sua estrutura, que era formada pela Intermédica (convênio médico), Interodonto (plano dental), Notre Dame (seguro-saúde) e uma empresa de medicina ocupacional. A Notre Dame deixou de ser uma seguradora e atualmente faz parte da operadora Intermédica, com um único registro na Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Com essa mudança, será possível oferecer modalidades de planos de saúde com rede própria para o público da Notre Dame, que normalmente paga um pouco a mais pelo produto. Antes, isso não era possível porque a legislação não permite que uma seguradora seja dona de clínicas, hospitais ou laboratórios. "Estamos modernizando e qualificando toda a nossa rede própria para atender também os usuários que eram da seguradora", afirma o executivo. A Intermédica vai investir R$ 140 milhões, entre 2015 e 2016, na reforma e modernização de suas unidades.

A operadora tem uma rede própria com 54 clínicas e 11 pronto-socorros, sendo que oito deles são hospitais. "Os custos da saúde estão crescendo de forma exponencial. A inflação médica foi de 18% no ano passado. Acredito que o caminho para a sustentabilidade dos planos de saúde é ter uma rede própria, que possibilita melhor controle de custos", diz Machado. Na Intermédica, 80% das internações e 60% das consultas são feitas em unidades do grupo. As internações representam quase 60% do custo de uma operadora de plano de saúde, segundo o Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS).

Na contramão do setor, que está perdendo clientes por causa do desemprego, a Intermédica prevê crescimento de 20% na receita, para R$ 3,1 bilhões neste ano. No primeiro semestre, a operadora conquistou 500 mil novos usuários de empresas que trocaram o plano de saúde por outro com menor custo.

Hoje, a Intermédica tem 3 milhões de clientes, sendo 1,8 milhão de convênio médico e o restante em planos dentais. Quase que a totalidade dos planos de saúde são empresariais.

Nos últimos dois anos, a Intermédica reduziu de tamanho para melhorar a margem. O lucro caiu cerca de 20% para R$ 68 milhões em 2014. "A empresa vinha numa curva de queda, mas em novembro já voltamos a crescer.

Integramos as equipes num mesmo prédio e a sinergia dos negócios e o clima organizacional é muito melhor", disse Machado, que concedeu a entrevista ao Valor num moderno prédio, na esquina da avenida Paulista com alameda Joaquim Eugênio de Lima, na região dos Jardins, em São Paulo. "Não estamos gastando muito mais com aluguel neste novo prédio. Antes, os funcionários estavam espalhados em diversas unidades e havia vários aluguéis."





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