O setor da saúde enfrenta uma crise constante que foi agravada pela pandemia. O fato não é nenhuma novidade, assim como a conta exorbitante da saúde suplementar. A 27ª CEO Survey, promovida pela PwC, mostra que os líderes reconhecem a necessidade de mudanças e estratégias compatíveis ao cenário.
Embora haja um aumento no otimismo quanto ao crescimento econômico global, uma parte significativa dos CEOs brasileiros e globais está incerta sobre a sobrevivência de suas organizações nos próximos 10 anos. No setor da saúde, 42% dos CEOs brasileiros compartilham essa preocupação – este percentual foi de 27% em 2023 -, espelhando a média de 41% entre os líderes de todas as indústrias do país.
O estudo conduzido pela consultoria lançou luz sobre as estratégias, preocupações e visões de mais de 4.700 CEOs em 105 territórios e países, incluindo o Brasil. Sob a ótica do tema "Prosperando na Era da Reinvenção Contínua", a pesquisa analisou as abordagens adotadas pelas empresas de saúde – hospitais, operadoras, indústria farmacêuticas, medicina diagnóstica e healthtechs – para enfrentar ameaças cada vez mais convergentes e complexas.
Ao divulgar os dados da pesquisa, Bruno Porto, sócio da PwC Brasil, ressalta como o setor da saúde é um universo complexo e vasto. Ele destaca a diversidade e amplitude deste mercado, onde grandes players coexistem com muitas pequenas e médias empresas.
Porto orienta que os “gigantes” busquem internamente soluções baseadas em inteligência artificial (IA) generativa para otimizar processos administrativos. Este movimento já se reflete em iniciativas pioneiras no Brasil, especialmente na área de diagnóstico e definição de protocolos.
“É fundamental organizar e consolidar essas iniciativas dentro de casa para garantir uma implementação eficaz e sustentável, afirma. Entenda como os resultados da CEO Survey destacam a necessidade urgente de reinvenção para a sobrevivência e as mudanças inerentes ao mercado.
Há mudança notável nas projeções econômicas globais para 2024. Enquanto a expectativa de desaceleração perde terreno, a previsão de crescimento acelerado ganha força. Este ano, 42% dos CEOs do setor de saúde no Brasil compartilham essa visão, um aumento substancial em relação aos 15% registrados no ano anterior - um crescimento mais significativo do que a média nacional e paralelo ao observado no âmbito global da saúde.
Em relação à economia nacional, os líderes do setor de saúde no Brasil demonstram maior confiança, alinhando-se com a tendência geral dos líderes brasileiros, assim como seus pares globais e a média global. Surpreendentemente, a confiança na aceleração econômica global é mais proeminente entre os líderes da saúde do Brasil e do mundo em comparação com a média de todas as indústrias, com uma proporção significativa apostando no crescimento em detrimento da desaceleração.
Uma indicação adicional da urgência crescente de reinvenção é a intensificação da pressão antecipada pelos CEOs nos próximos três anos, devido às mudanças no modelo de negócios. Em relação aos últimos cinco anos, os líderes do setor de saúde, tanto no Brasil quanto no mundo, preveem que as alterações relacionadas à tecnologia, regulamentação, competição e preferências do consumidor, terão um impacto significativamente maior na maneira como concebem, entregam e agregam valor. Instabilidade da cadeia de abastecimento, mudanças demográficas e climáticas também fazem parte do combo que exige um novo modus operandi.
No curto prazo, os próximos 12 meses, a maior preocupação é com riscos sanitários e cibernéticos. A pandemia da Covid-19 e o aumento da fragilidade da cibersegurança corroboram o resultado da pesquisa.
Os líderes executivos do setor de saúde no Brasil compartilham avanços no que diz respeito a ações para conter a crise climática. 64% estão atualmente engajados ou já finalizaram iniciativas para aprimorar a eficiência energética, enquanto 55% têm projetos em andamento ou finalizados para promover inovações em produtos e serviços com um menor impacto ambiental.
Sobre inovações tecnológicas, a IA generativa representou este elemento na pesquisa, visto a sua capacidade de redefinir completamente as operações empresariais. No contexto do setor de saúde brasileiro, a adoção dessa tecnologia e a adaptação estratégica para integrar sua inovação superam as estatísticas globais do setor. Cerca de 60% das empresas do setor já mudaram a estratégia de tecnologia por causa da IA generativa ou já adotaram a ferramenta na empresa inteira.
Para os próximos 12 meses, 65% das empresas de saúde acreditam que a IA generativa melhorará a qualidade dos produtos ou serviços, enquanto 52% creem que a tecnologia aumentará a capacidade da empresa criar confiança com stakeholders. No entanto, 81% reconhecem que este progresso exigirá o desenvolvimento de novas habilidades na equipe.
Percebe-se que os líderes da saúde destacam a importância de abraçar a transformação digital e adotar estratégias ágeis para se manterem à frente da curva. Diante das incertezas econômicas e ambientais, a resiliência e a capacidade de resposta emergem como elementos-chave para o sucesso futuro.
À medida que as empresas se esforçam para prosperar na era da reinvenção contínua, fica evidente a importância crítica de uma abordagem proativa e adaptativa para navegar pelas complexidades e incertezas do setor da saúde ambiente empresarial atual. Para os líderes do setor de saúde no Brasil e além, a capacidade de antecipar, adaptar e inovar será fundamental para garantir a sustentabilidade e o sucesso no longo prazo.