O InCor acaba de incorporar uma nova tecnologia para remoção de dióxido de carbono (CO2) em pacientes sob ventilação mecânica como estratégia de proteção pulmonar, indicada para casos de hipercapnia.
Os casos registrados pelo InCor foram em pacientes com a síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA) grave, em tratamento na UTI Respiratória. Conforme uma das preocupações em relação ao uso da ventilação mecânica protetora é o risco do acúmulo de CO2 no sangue, gerando a acidose respiratória, a equipe de médicos e enfermeiros utiliza uma nova tecnologia para permitir a estratégia protetora.
Esta foi primeira vez que a terapia de remoção de CO2 (ECCO2R) com o dispositivo Prismalung+ da Baxter, combinado com a terapia de substituição renal contínua (CRRT, do inglês Continuous Renal Replacement Therapy), foi realizada por um hospital nas Américas.
“Este caso indica a preparação e conexão das equipes assistenciais que atuam na UTI Respiratória do InCor que, desde o seu primeiro dia de funcionamento, há 40 anos, se estabeleceu como referência nacional e mundial em cuidados a pacientes de alto risco. Este tipo de terapia demanda conhecimento e base técnica de ponta para que seja aplicado no tratamento intensivo de pacientes”, ressalta Prof. Dr. Carlos Roberto Ribeiro de Carvalho, diretor da divisão de Pneumologia do InCor e responsável pela UTI Respiratória, onde o procedimento foi realizado.
O trabalho envolve profissionais da divisão de pneumologia e da área de nefrologia do InCor, formada por médicos e enfermeiros especializados. “O uso desta técnica foi possível por conta da modernização do parque tecnológico de equipamentos para diálise, com o que há de melhor ao nível mundial. Este processo trará mais segurança aos procedimentos em pacientes críticos que necessitam de suportes renal e respiratório” explica a Dra. Maristela Carvalho da Costa, Coordenadora da Nefrologia do Instituto do Coração (InCor).
Outro diferencial no procedimento é o uso da anticoagulação regional com citrato, uma substância segura que pode ser alternativa à heparina nos casos em que há riscos ao paciente. O tema entrará em estudo por grupo coordenado pelo Dr. Marcelo Amato, supervisor da UTI-Respiratória, com o objetivo de desenvolver um protocolo de anticoagulação do circuito de diálise com remoção de CO2. “O estudo terá como objetivo mostrar que o uso de citrato durante a diálise de um paciente com quadro respiratório grave auxilia na proteção pulmonar, evitando o risco de acúmulo de CO2 no organismo e poupando os pulmões. Estamos em busca de desenvolver novas tecnologias para UTI”, explica Amato.
Conexão entre os rins, coração e pulmões
Os especialistas explicam que o tratamento de pacientes internados em UTI com problemas pulmonares ou cardiológicos não é feito de forma isolada e inclui cuidados com os rins, devido à relação entre esses órgãos. “Se os rins não estão funcionando adequadamente, o coração e os pulmões poderão ser impactados, e o mesmo vale para quando pulmões ou coração estão comprometidos”, explica Dra. Maristela Carvalho da Costa.
Estudos¹ mostram que a injúria renal aguda (IRA) é uma complicação que pode ocorrer em cerca de 20% dos pacientes hospitalizados e em 30% a 50% das internações em unidades de terapia intensiva (UTI). A perda da função renal leva a uma resposta inflamatória e acúmulo de substâncias que podem afetar a função pulmonar, além de prolongar a necessidade de ventilação mecânica.
“Por conta desse efeito cascata, o tratamento intensivo aos pacientes engloba estratégias protetoras para minimizar os impactos nos órgãos, melhorando o quadro do paciente e a qualidade de vida para o período pós-internação”, finaliza a médica nefrologista.