Após o Saúde Business Fórum deste ano, que foi mais um sucesso (confira o vídeo de encerramento no nosso portal), embarquei para conhecer os serviços de saúde no México, como parte da nossa missão de conectar mais os líderes de saúde da América Latina.
Confesso que o país me impressionou por seus números. Seu PIB foi de US$ 1,260 bilhões em 2014, crescendo 2,5% em relação ao ano anterior. Ainda menor que o brasileiro de US$ 2,245 bilhões, mas que regrediu 9,4% nos últimos dois anos. A Cidade do México, hoje com 21 milhões de habitantes, empata com São Paulo, como terceira cidade mais populosa do mundo (atrás de Tokyo e Déli), com a diferença que o PIB per capita do México é US$ 8,519, enquanto do Brasil é de apenas US$ 5,823.
Entre os serviços de saúde no México, quatro hospitais ou grupos hospitalares se destacam:Medica Sur, Grupo Angeles, ABC Medical Center e Star Medica.
Diferente do mercado brasileiro de saúde, talvez pela proibição de capital estrangeiro no setor que vigorou até o início do ano, o setor de saúde no México é explorado por grupos com “distintos interesses”. O Grupo Empresarial Angeles, por exemplo, atua em Saúde, Turismo, Mídia e Serviços Financeiros. Na área de saúde, os Hospitales Angeles atuam há duas décadas, e cresceram assumindo hospitais endividados, colocando os sócios como acionistas do grupo, e criando rapidamente uma rede de 24 serviços de saúde espalhados por todo o México. Os hospitais adquiridos passam a se chamar Hospital Angeles com um sufixo da região ou nome antigo do hospital em seguida (ex. Hospital Angeles Clínica Londres). Por várias razões, o grupo me lembrou bastante o movimento que a Rede D´Or fez no Brasil.
O sem fins lucrativos Centro Médico ABC, que surgiu em 1941 a partir da união de um hospital americano e um hospital britânico, é um hospital de 173 leitos e 150 consultórios, situado na região de Santa Fé, onde ficam algumas das principais empresas do México, e também por isso considerado um dos serviços de saúde mais premium do país.
A rede de hospitais Star Medica, fundada em 2002, e em 2008 investida por Carlos Slim (o segundo homem mais rico do mundo e dono da telefonia Claro, além de dezenas de outras empresas, e da principal feira hospitalar do país), é outra rede de destaque com 11 serviços de saúde no México.
Deixei por último a Médica Sur, fundada pelo urologista Dr Misael Uribe Esquivel, que possui dois hospitais. Um hospital geral de 170 leitos e 517 consultórios médicos, e outro hospital maternidade com 33 leitos. A rede conta com 34 laboratórios próprios espalhados pela cidade. Os consultórios médicos e os laboratórios representam, respectivamente, 9 e 25% do faturamento total do grupo. Em 2013, a Médica Sur adquiriu a certificação JCI (Joint Commision International), assim como o Centro Médico ABC.
Visitando o hospital de 2500 funcionários, pude conhecer também um pouco mais dos planos de expansão do Medica Sur, que incluem a construção da Ciudad Medica Sur, uma “cidade médica”, que além dos serviços de hospital, incluem um centro de convenções e um hotel (uma unidade do Holiday Inn já funciona dentro do hospital). A primeira fase do projeto já foi inaugurada, junto com uma parceria com a Mayo Clinic, integrando o Mayo Clinic Care Network.
O faturamento do hospital, assim como a maioria dos outros demais hospitais do país, vem principalmente dos principais convênios do México, entre eles: MetLife, GNP, Ixe, Imbursa (também do bilionário Carlos Slim) e Mapfre.
O Medica Sur, reconhecidos como um dos melhores serviços de saúde no México, tem também uma discrepância interessante bem própria de ilhas de excelências em países em desenvolvimento: o hospital, apesar de ter capital aberto na Nasdaq (com faturamento de R$ 468 milhões de reais e EBITDA de 120 milhões em 2014), ainda tem todos os médicos atendendo em papel, e deve iniciar seu processo de implantação de prontuário eletrônico apenas nos próximos meses.
Um país em expansão, que cresceu 13% em população e 14% em camas hospitalares entre 2003 e 2013, pode dar a impressão que está suprindo a necessidade dos seus habitantes, mas de acordo com a PwC essa não é exatamente a verdade, uma vez que o número de pessoas que procuraram hospitais nesse período cresceu 22%, mostrando que o país tem que dobrar a infraestrutura nos próximos 15 anos para atender a crescente demanda, mesmo que apenas 7 dos 118 milhões de habitantes tenham algum convênio e 86.8% dos serviços de saúde no México sejam públicos.
Nem todos os números do México são oportunidades (os números das casas na rua, por exemplo, não seguem qualquer tipo de ordem lógica, uma ameaça importante para quem não quer chegar atrasado numa reunião), mas um país pujante com crescentes demandas de saúde e um mercado privado altamente dinâmico, deve definitivamente ser considerado no plano de negócios da maior parte das empresas.