Nas três primeiras semanas epidemiológicas de 2024, o Brasil registrou 120.874 casos prováveis de dengue, alta de 170% em comparação com o mesmo período de 2023, quando foram registrados 44.752 casos.
No ano, 12 mortes pela doença foram confirmadas e outras 85 estão em investigação. No mesmo período de 2023, foram 26 óbitos. Os dados são do Informe Semanal das Arboviroses Urbanas do Ministério da Saúde.
O Ministério da Saúde afirma que pela primeira vez em anos os quatro sorotipos do vírus causador da doença (1, 2, 3 e 4) circulam no Brasil. Além disso, o fenômeno El Niño que eleva as temperaturas, cria um clima ideal para o mosquito vetor, o Aedes Aegypti, se reproduzir. A Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu um alerta sobre o aumento das arboviroses, doenças causadas pelos arbovírus, que incluem os vírus da dengue, zika, chikungunya e febre amarela.
Para combater a alta de casos, o Ministério da Saúde coordena desde o ano passado uma série de ações para o enfrentamento do mosquito que transmite a doença em conjunto com os estados e municípios. Para apoiar estados e municípios nas medidas de prevenção e controle, o ministério repassou R$ 256 milhões para todo o país.
Do valor total, R$ 111,5 mil foram transferidos ainda em 2023, em parcela única, para fortalecer a vigilância e a contenção do Aedes aegypti - sendo R$ 39,5 mil para estados e Distrito Federal e outros R$ 72 mil para municípios. Além disso, haverá repasse de R$ 144,4 mil para fomentar ações de vigilância em saúde.
Ainda em 2023, o Ministério da Saúde qualificou cerca de 12 mil profissionais de saúde, entre médicos e enfermeiros, para atuarem como multiplicadores para manejo clínico, vigilância e controle da doença. A medida permitirá a rápida identificação da doença pelos profissionais. Neste sentido, a pasta orienta que a população busque o serviço de saúde mais próximo ao apresentar os primeiros sintomas.
Entre as iniciativas para combater a alta de casos está a vacinação contra a dengue, que será aplicada na população de regiões endêmicas, em 521 municípios, a partir de fevereiro, o que representa apenas 10% das cidades do país. Segundo o ministério, 16 estados e o Distrito Federal têm municípios que preenchem os requisitos para o início da vacinação.
O Brasil é o primeiro país do mundo a oferecer o imunizante no sistema público universal. A pasta incorporou a vacina contra a dengue em dezembro de 2023. A inclusão foi analisada de forma célere pela Conitec (Comissão Nacional de Incorporações de Tecnologias no SUS), que recomendou a incorporação.
Segundo o ministério, serão vacinadas crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos, faixa etária que concentra maior número de hospitalização por dengue – 16,4 mil de janeiro de 2019 a novembro de 2023, depois das pessoas idosas, grupo para o qual a vacina não foi autorizada pela Anvisa. Esse é um recorte que reúne o maior número de regiões de saúde. O esquema vacinal será composto por duas doses, com intervalo de três meses entre elas.
A definição de um público-alvo e regiões prioritárias para a imunização foi necessária em razão da capacidade limitada de fornecimento de doses pelo laboratório japonês Takeda. A primeira remessa com cerca de 757 mil doses chegou ao Brasil no dia 20 de janeiro. O lote faz parte de um total de 1,32 milhão de doses fornecidas pela farmacêutica. Outra remessa, com mais de 568 mil doses, está com entrega prevista para fevereiro.
Além dessas, a pasta adquiriu o quantitativo total disponível pelo fabricante para 2024: 5,2 milhões de doses. De acordo com a empresa, a previsão é que sejam entregues ao longo do ano, até dezembro. Para 2025, a pasta já contratou 9 milhões de doses.